O Brasil joga com a soberba de Dogue Alemão?
Depois do “Maracanazo”, de 1950, o brasileiro tornou-se tão pessimista com a Seleção Brasileira que Nelson Rodrigues perdeu a paciência e criou aquele que se tornaria o sinônimo definitivo de inferioridade: o complexo de vira-latas. “O brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem”.
A partir de 1958 e, especial de Pelé e Garrincha, a expressão rodriguiana entrou em recesso. Com cinco títulos mundiais, em desuso.
Só que nós, brasileiros, tratando-se de futebol, não sabemos dosar nossos sentimentos. Daí termos adotados e passados para as novas gerações que o futebol de Pelé, Garrincha, Tostão, Gerson, Romário e Ronaldo Fenômeno era referência para o eterno.
Essa ostentação de superioridade foi capaz de neutralizar a verdade real que há tempo não temos mais o melhor futebol do mundo. E, por isso, o Brasil há 20 anos não decide um título mundial. Ganhar entrou no campo do improvável.
Tabela da Copa do Mundo 2022; acesse!
O Brasil joga as quartas no Catar contra a Croácia.
A goleada sobre a ingênua Coreia do Sul (4 a 1) aumentou esse espírito brasileiro de superioridade. Anuncia-se uma nova goleada ou, descontadas as dificuldades, no mínimo uma vitória clássica. O palpite mais humilde não recepciona sequer dúvida de situação contrária.
Mas esse Brasil que está no Catar é tão superior para ter a certeza da vitória?
Corremos o perigo de substituir o “complexo de vira-latas” pela soberba de um Dogue Alemão ou de um Pastor do cáucaso.