O Brasil de Diniz é o Brasil que está em óbito
No esporte, como em tudo, os ingleses sempre têm uma referência literária para expressar o seu estado de espírito. Quando há um fracasso é comum recorrerem ao lendário obituário que o jornal The Sporting Times publicou em 30 de agosto de 1882.
O motivo de aparência irônica foi a derrota da Inglaterra para a Austrália no críquete, dando origem ao troféu denominado The Ashes (as cinzas), disputado a cada dois anos entre os dois países.
Assim escreveu o The Sporting Times: “Em memória afetuosa do críquete inglês, falecido no The Oval em 29 de agosto de 1882, profundamente lamentado por amplo círculo de amigos e conhecidos. Descanse em paz. O corpo será cremado e as cinzas levadas à Austrália”. (Alberto Lati, El Pais, “Era uma vez a seleção brasileira ...”).
Essa referência da literatura esportiva inglesa bem que pode ser usada para a Seleção do Brasil, expedindo-se uma certidão de óbito temporária com data retroativa de 30 de junho 2002, quando ganhou a última Copa do Mundo.
No futebol, com 22 dois anos passados e nenhum sinal da vida que já se viveu, é possível sugerir que só falta ser cremado. Se o Brasil voltar a ganhar uma Copa do Mundo será um evento provocado pelo acaso.
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A nova derrota do Brasil, agora para a Colômbia, e o 5º lugar nas Eliminatórias, escancararam a verdade que embora há tempo já tenha sido definitiva, nós a absorvemos como temporária: o Brasil não tem mais o melhor futebol do mundo porque nossos jogadores não são os melhores do mundo.
À exceção de Vinicius Junior, Bruno Guimarães e Endrick, todos são coadjuvantes nos seus clubes.
Não há futuro para uma Seleção que envelheceu perdendo com Neymar, Marquinhos, Ederson, Alisson, Casemiro, Marquinhos, Thiago Silva, e que agora precisando renovar recorre a João Pedro, Renan Lodi, Emerson Royal, Pepê, Raphinha, Douglas Luiz, Carlos Augusto, Joelinton e outros que já foram convocados desde que Diniz assumiu.
Fernando Diniz é o tabelião do momento para lavrar e expedir essa certidão, pois está cabendo a ele instalar o definitivo caos no futebol brasileiro.
A sua proposta de alternância de posições para a concentração de jogadores onde está a bola, executada com sucesso no Fluminense, não se concilia com a Seleção por vários motivos: a execução exige treinamento longo e contínuo, e na Seleção é limitado há oito dias; o jogador brasileiro, ao contrário do europeu, tem dificuldade para assimilar de imediato uma ideia diferente, principalmente quando ela se afasta do conservadorismo e se torna inovadora.
Dizem que Carlo Ancelotti virá no inverno de 2024. Sem craques, no máximo vai criar uma grande ilusão.
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