Análise

O Furacão depois do vendaval da Copa do Brasil

Por
Augusto Mafuz
16/12/2021 18:52 - Atualizado: 04/10/2023 17:07
O Furacão depois do vendaval da Copa do Brasil
| Foto: Albari Rosa/Foto Digital/UmDois

A angústia de ter perdido não supera a alegria de ter um dia conquistado, aprende-se com Santo Agostinho em sua obra maior, “Confissões”, meu livro de cabeceira.     

Bem por isso, postos em ordem os sentimentos, não há razão para tratar a perda da Copa do Brasil como um fracasso do Athletico.

A perda não pode ir além de um resultado que, no caso, em razão da supremacia técnica do Galo, foi imposto pela lógica do melhor. O sentimento verdadeiro e puro de perda deveria ser na derrota para o FC Cascavel, quando o Furacão deixou de ganhar o tetra inédito do Estadual.

O impacto das derrotas para o Galo foi em razão de que passou muito tempo da vitória sobre o Flamengo, e algum tempo da conquista da Sul Americana. 

O espaço do tempo no futebol, em regra, é prejudicial. Se a final com o Galo fosse imediatamente após a vitória sobre o Flamengo, a conquista ou a perda da Copa do Brasil seria tratada dentro do campo lógico e absorvida como natural. Era jogo jogado em um ambiente de igualdade.

No entanto, com esse espaço temporal, ouvindo e lendo que o Athletico bi da Sul Americana era, também, finalista da Copa do Brasil, despertou-se, ainda mais, o orgulho do seu torcedor.

Esse orgulho supervalorizou um time que sempre foi descompensado pelo desequilíbrio entre as muitas limitações e as poucas virtudes. Resultado: como quem vê cara não vê coração, criou-se a ilusão da conquista sobre o Galo, daí o impacto da perda.

Comando do futebol do Athletico foi um fracasso

Foto: Albari Rosa/Foto Digital/UmDois
Foto: Albari Rosa/Foto Digital/UmDois

Essa análise cheia de compressão não pode ignorar um fato: o comando técnico do futebol foi um fracasso.

A sua influência na conquista da Sul-Americana foi relativa, não passando do razoável. Lá, em Montevidéu, prevaleceu muito mais a supremacia do Athletico como instituição em relação ao Bragantino.

Quando precisou buscar o mínimo de equilíbrio tático e emocional na disputa contra o Galo, todos falharam. A omissão de Paulo Autuori em não intervir nos atos de Valentim, que contrariaram os jogadores, concorreu com o aumento das diferenças com os mineiros. Por falta desse comando, em nenhum jogo de decisão o Furacão foi tão inferior ao adversário como nesses contra o Atlético Mineiro.

Passado mais um ano, o grande problema do Athletico não é time e não é técnico, porque para tê-los basta ter dinheiro, e ele tem. Não é título, porque a cada dois anos ganha um. O problema continua sendo a dívida da Baixada, que continua sendo enfrentada politicamente, com perspectivas ilusórias de solução.  Essa é outra questão. Para segunda feira.

PS: não sou de responder os comentários de leitores. Respeito-os. O que não aceito são os covardes e os ignorantes de conceitos, que se escondem com nomes de fantasia, tratando-me como portador de “ódio” e “rancor”. Ninguém é feliz tendo ódio e rancor. Eu sou um ser humano feliz.

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Augusto Mafuz é um dos comentaristas esportivos mais tradicionais de Curitiba, conhecido por sua cobertura do Athletico e outros times da capital. Nascido em Guarapuava em 11 de maio de 1949, Mafuz tem sido uma figura central no j...

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