Leandro Damião, quem diria, acabou no Coxa
Os meus avós contavam que não houve (décadas de 20 e 30) e que não haveria uma atriz de cinema mais bonita que a sueca Greta Garbo. De fato, as fotos que encontramos mostram uma mulher estonteante, de beleza rara. Nos anos setenta, no Brasil, era comum tratar um homem, em razão da sua elegância ou beleza, como “Greta Garbo”.
Daí, o dramaturgo Fernando Mello resolveu usar essa ironia para desenvolver argumento e criar personagens em uma peça de teatro sob o título “Greta Garbo, quem diria, acabou no Irajá”. Irajá é um bairro pobre na zona norte do Rio de Janeiro.
Bem resumido, na versão encenada no teatro Guaíra (1974), o argumento tratava de um triângulo amoroso entre um professor (Nuno Leal Maia), um gay (Raul Cortez) e uma prostituta (Pepita Rodrigues).
O nome da comédia “Greta Garbo, quem diria, acabou no Irajá”, transformou-se em uma linguagem figurada para explicar a curva descendente de uma carreira estrelar. Poderia ser usada para explicar Leandro Damião, no Coritiba?
Paranaense de Jardim Alegre, no belo Vale do Ivaí, correu, chorou e implorou por uma chance que lhe foi negada pelo São Paulo. Em 2006, no Marcilio Dias, no Campeonato Catarinense, prestou-se a fazer gols e mais gols.
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Descoberto pelo Internacional, ainda garoto provou que o homem vive mais de verdades do que de enganos. Em 2010, pela final da Libertadores contra o Chivas, entrou e fez o gol do titulo colorado. Como sempre há um mas, aconteceu com Damião.
Depois, instrumento de empresários, frustrou quem esperava ser ele o centroavante do Brasil. Fracassou no Santos, Cruzeiro, Real Betis, Flamengo e no Internacional (segunda passagem), até ir para o Kawasaki Frontale, no Japão. Lá, voltou a fazer gols. Durante cinco anos, marcou 65.
Embora tenha ganho muito dinheiro, desperdiçou o melhor momento da sua carreira por conta de conflitos entre empresários e clubes por onde passou. Tinha muito mais gols para fazer, mais dinheiro para ganhar e em lugares mais importantes.
A linha gráfica da sua carreira mostra alguém que se perdeu. De repente, volta para o Brasil e para o Coritiba que está na Segunda divisão nacional. Se Leandro Damião está à procura da última imagem de jogador pode se dar bem. O Coritiba não é Irajá.