Juan Carlos Osorio. Baixada, há um treinador no Caju!
Juan Carlos Osorio. O próprio nome já é imponente. Não o conheço, mas parece combinar com as suas feições e com os dados da sua formação pessoal e intelectual.
Colombiano de Santa Rosa de Cabal (terra do licor), foi educado na escola holandesa, estagiado na escola inglesa do Manchester City e mestrado na Universidade de Liverpool de futebol – leia o perfil completo do treinador aqui.
Entre as matérias de mestrado, estudou a história do treinador escocês Bill Shankly, cuja estátua abre o Estádio Anfield, em Liverpool, com a célebre lição: 'Algumas pessoas acreditam que futebol é questão de vida ou morte. Fico muito decepcionado com essa atitude. Eu posso assegurar que futebol é muito, muito mais importante'.
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Com a mesma capacidade que tem para dar uma palestra ou preleção no seu idioma de berço, o espanhol, Juan Carlos disserta em inglês e francês. Bem por isso, foi recomendando como treinador de futebol por carteira de identidade e diploma pela UEFA e FIFA. Projetando a sua vaidade dentro dos limites da virtude, sente-se desconfortável de ser tratado como professor ou como mister. Prefere ser tratado simplesmente como Osorio ou como doutor.
Projeta a sua educação na relação com o ser humano. É incapaz de transferir responsabilidade e submeter o jogador à segundo plano em razão da hierarquia. Por essa educação, quem o conhece bem trata-o como lord.
É amante da música. Nas férias, pode ser encontrado em um concerto de rubia colombiana, interpretada por sua conterrânea Shakira, na Arena de Barranquilla, ou assistindo à opera Nabucco, de Vivaldi, na Arena de Verona
Perguntarão: e de bola, o que o doutor, entende de bola? À sua maneira, entende tudo.
Embora entenda que o futebol deva ser praticado como arte, isto é, ocupando os espaços com a bola dominada, não tem nenhum constrangimento em ser conservador. Se a ocasião exigir, faz o que qualquer comum faria.
É surpreendente. É capaz de treinar um modelo de jogo com um time, mas à noite sonhando acordado conclui que a realidade é outra. Não tem nenhum apego por um time definitivo, no qual titular é titular, reserva é reserva. Se antes o rodízio intenso era combatido pelos antigos conceitos do futebol, hoje tornou-se necessário em razão do aperto do calendário que obriga os clubes a priorizarem certas competições. Lembra muito Paulo César Carpegiani no meio de carreira de treinador. Mais atual, Paulo Autuori.
O doutor é da escola de Fernando Pessoal, e da qual eu sou filiado, que acredita mais na palavra escrita por ser um fenômeno cultural do que na palavra falada, um fenômeno social. Explica-se, então, a conduta de dar ordens durante o jogo através de bilhetes escritos. Não se tem notícia de que um time que Osorio dirigiu não tem ordem tática, objetivos definidos, variações de jogadas.
É preciso que a torcida e os teóricos da imprensa se autoevangelizem. Desta vez, o Athletico não trouxe um treinador qualquer. É preciso ter compreensão com as suas teorias e com os seus métodos de jogo. O imediatismo é para os fracos que são incapazes de antecipar o futuro.
E se não fosse importante o tempo, há um outro elemento, o fundamental: O Athletico precisa ter um time. E para tê-lo falta muito: no mínimo é preciso ter um volante, um meia e dois atacantes de qualidade.