Goleador, Leandro Damião, 34 anos, corpinho de 20

Na Academia Ametista, um precioso pedaço do mundo em que vivo, há o educador Geraldo Nadolny.
Jovem, bem formado nos estudos e na vida, dominando como poucos a arte de orientar o tratamento do corpo, é coxa-branca de carteirinha. Mas, quando trata de futebol, é um cientista. Seus conhecimentos e a sua visão sobre futebol avançando às teorias, tornam-se singulares.
Sobre Leandro Damião, que o Coritiba foi tirar de cartola japonesa, aos 34 anos de idade, até usei da linguagem figurada da peça “Greta Garbo, quem diria, foi acabar em Irajá”. Escrevi: “Leandro Damião, quem diria, foi acabar no Coritiba”.
O professor Geraldo convence-me da importância de Damião, aos 34 anos de idade. Fosse ele um meia do qual se reclamasse combate e marcação, ou se fosse um atacante do qual se exigesse jogada em velocidade, Damião seria apenas um nome famoso.
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Como centroavante para jogar na área ou ser pivô, deu referência de qualidade ao ataque coxa. A idade, 34 anos, passa a ser só um número.
Certa vez, Zizinho, ídolo da geração de pai João, estava sendo desprezado na Seleção Brasileira por causa da idade. Então, Nelson Rodrigues escreveu:
“Tinha contra si a idade, não sei se 32, 34, 35 anos. Geralmente, o jogador de 34 anos está gagá para o futebol, está babando de velhice esportiva. Mas o caso de Zizinho mostra o seguinte: o tempo é uma convenção que não existe nem para o craque, nem para a mulher bonita. Existe para o perna-de-pau e para o bucho. Na intimidade da alcova, ninguém se lembraria de pedir à ratinha de Sabá, a Cleóptra uma certidão de nascimento. Do mesmo modo, importa a nós tenha Zizinho dezessete ou trezentos anos, se ele decide as partidas? Se a bola o reconhece e prefere? "