Opinião

Glenn Stenger manda apagar o passado do Coritiba

Por
Augusto Mafuz
14/02/2023 14:51 - Atualizado: 04/10/2023 22:57
Glenn Stenger manda apagar o passado do Coritiba
| Foto: Divulgação/Coritiba

Um pouco do impossível faria bem: aquele que pretendesse ser presidente de um clube de futebol deveria submeter-se a um exame de conhecimentos históricos. Provar que conhece a história é a única forma de o candidato respeitar o passado do seu clube do coração.

Respeito que Mario Celso Petraglia teve com a história do Athletico ao mudar a identidade do clube. Em 2018, se usasse as suas ideias futuristas e inovadoras mesmo contra os valores passados, não haveria censura, pois coincidia com a conquista do primeiro título continental, a Sul-Americana.

No entanto, por saber o significado de cada coisa que o passado integrou à história do Athletico,  Petraglia foi buscar nessa história a base para construir a sua nova identidade: o apelido Furacão, que foi criada por Laio (Caju), Nilo Biazetto e Valdomiro; Wilson e Sanguinetti; Viana, Rui, Neno, Jackson do Nascimento e Cireno Brandalize.

“Furacão”, de valor imaterial, transformou-se em um valor material, representado pelos lampejos de  raios que, tendo como ponto de partida o coração, cruzam todo o corpo dos atleticanos quando vestem a camisa rubro-negra.

O Coritiba diz que irá mudar o seu escudo. Seria absolutamente natural dentro das exigências, mesmo que algumas absurdas, impostas pelo mercado. A principal delas: apagar a estrela que representa o título brasileiro de 1985, a maior de toda a sua história de conquistas.

Pelo forte simbolismo dessa estrela, então, não se trata de uma simples mudança. Trata-se de agredir, violentar e apagar o mais belo capítulo da história centenária dos coxas. Esse ato é contra a história e a memória daqueles que já se foram, como o presidente Evangelino da Costa Neves, o meia Toby e o técnico Ênio Andrade. Agride os sentimentos de ideal e de orgulho de Odivonsir Frega, Rafael, Gomes, Dida, Almir, Lela, Índio, Edson e todos que escreveram a história.

Mas tão grave quanto excluir a estrela de 1985 é a conduta do presidente Glenn Stenger. Ao ser provocado por repórteres para explicar a razão da exclusão respondeu: “O Coritiba tem que pensar no futuro”. Simples assim.

Não conheço o senhor Stenger. Dizem que é gente de sangue bom, e não duvido. E que sendo um grande financista é um exímio fazedor de contas e criador de números, acredito. Seus amigos dizem que ele fará o “milagre coxa-branca”, por ser uma espécie de “Delfim Netto” no futebol, vejam só. A referência ao milagre brasileiro econômico de Delfim na ditadura é perigosa: a inflação chegou a quase a 100%.

O senhor Stenger pode ser tudo isso, mas tem uma coisa: a exclusão da estrela não pode ser dissociada da justificativa de que “O Coritiba tem que pensar no futuro”.  Tornando-o insensível para tratar com o passado de uma instituição centenária como é o Coritiba, apresenta-se como um predador. Se quer apagar o maior símbolo de conquista dos coxas, nada lhe custa apagar o passado por inteiro por conta “do que interessa é o futuro” e queimar os livros dos imortais Helênicos.

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Augusto Mafuz é um dos comentaristas esportivos mais tradicionais de Curitiba, conhecido por sua cobertura do Athletico e outros times da capital. Nascido em Guarapuava em 11 de maio de 1949, Mafuz tem sido uma figura central no j...

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