Felipão continua levando o Athletico ao paraíso: 1×0
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. O homem da mensagem poética de Fernando Pessoa tem que ser um realizador de sonhos. Eis o homem: Luiz Felipe Scolari, o Felipão.
Acaba de construir uma das maiores obras desde que saiu de um berço iluminado, há 73 anos: classificar o Athletico para a semifinal da Libertadores da America.
Não há outra explicação para a vitória do Athletico por 1 a 0, em La Plata, sobre o Estudiantes. Não me venham os teóricos dizerem que o Furacão ganhou porque jogou certo e não errado, assim e não assado. Não me venham as autoridades analíticas com planilhas que apontam variações táticas. E não me venham os alienados escolhendo a sorte como trânsito para a vitória histórica, embora a sorte seja uma arte.
Talvez até poderia ser uma dessas hipóteses, se o gol da vitória não fosse no último minuto quando todos estavam confortados com a a decisão por pênaltis; e, se não fosse, outra vez, marcado pelo menino Vitor Roque desviando a bola com a alma representada pelo ombro.
O Athletico ganhou no último minuto porque Felipão, além de capaz, joga luz sobre a sua vida, como se fosse um daqueles predestinados enviados por Deus para realizar uma obra na terra. E quem pode garantir que não é exatamente essa missão através do Athletico que Felipe está cumprindo?
O jogo? Mas, que jogo? O jogo em si mesmo vale pouco ou nada. O que lhe dá autoridade é o acréscimo da imaginação, como ensinava Nelson Rodrigues.
Analisar o que houve em La Plata como um jogo é ser insensível e fazer um juízo errado das coisas maravilhosas da vida. É desprezar essa sensação do revezamento dos sentimentos de angústia e alegria. O que houve foi um drama com final apoteótico e mistíco para o Furacão, e uma tragédia para os argentinos do Estudiantes.
Que venha o Palmeiras!
Essa coluna é uma homenagem a Gilson Ribeiro, atleticano histórico, que está fazendo 80 anos de vida.