Estádio Mario Celso Petraglia: uma homenagem póstuma?
O estádio que era “Joaquim Américo Guimarães” agora chama-se “Mario Celso Petraglia”.
Foi uma noite triste para a história do Athletico. E não foi pelo conteúdo do ato, mas pela forma. Tivesse Petraglia o mínimo de sentimento, ficaria constrangido pela forma como essa homenagem foi prestada.
Quando o presidente do Conselho, Aguinaldo Coelho de Farias, negou o direito de oração a alguns conselheiros, inclusive para exaltar o homenageado, e determinar a votação pelo “sim ou não”, a homenagem tirou do fundo o seu caráter arbitrário.
Mais grave: na palavra de Aguinaldo, o argumento definitivo e absoluto para a homenagem foi o de “homenagear Petraglia em vida”.
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Não precisa ser um estudioso da alma e da mente para concluir sobre as intenções do ser humano. Em especial, das suas fraquezas. Aprendemos com as lições que a vida nos dá.
A “homenagem em vida” reclama prudência, respeito e análise das circunstâncias. E não pode ser motivada pela condição pessoal do homenageado para não mostrar uma alienação imediata à vida. Há circunstâncias que estimulam a ideia da morte em vida, tornando o homenageado submisso ao inevitável.
As circunstâncias da homenagem a Petraglia obrigam a pensar. Foi uma homenagem imposta, não foi espontânea. Foi uma homenagem apressada, não foi discutida.
Os conselheiros do Athletico, ao adotarem o argumento, “anteciparam” a morte de Mario Celso. Tornaram a “homenagem em vida” em uma homenagem póstuma.