Demitindo Osorio, o Athletico prova que anda em círculos
O doutor Juan Carlos Osorio passou 60 dias tomando vinho, cantando ópera e brincando de ser treinador, virando o Athletico do avesso. Exaltei-o quando chegou, mas logo depois conclui que fui com muita sede ao pote e bebi tudo.
Um dia desses escrevi que o Furacão é um caso complicado de se entender. Mas, agora, já estou entendo-o. Desde que Paulo Autuori foi embora, o seu futebol anda em círculos. Ele anda, anda e anda. Quando descobre, está no mesmo lugar.
Passou um ano improvisando técnico (Turra e Wesley Carvalho), ficou especulando dois meses no mercado para contratar Osorio, que precisou ser demitido em 60 dias. Será que os dirigentes não sabiam que Osorio era isso que mostrou ser?
Isso é andar em círculos. É produto da incapacidade que remete as decisões do futebol para a especulação. O risco aumenta e o erro torna-se inevitável.
Osorio que estava arrependido de vir, ao ser demitido, resolveu o seu problema. Mas, o Athletico não pense que resolveu o seu. Por ser um problema antigo, tornou-se bem complexo.
O futebol tem uma certa capacidade de mudar as coisas, aprendemos. Esperava-se que a união política permitindo a escolha de uma boa diretoria, repercutisse diretamente no CT do Caju. De início, euforia; depois, uma ilusão; agora, sabe-se, uma mentira. No futebol do Furacão, tudo continua como antes.
Há um presidente, Mario Celso Petraglia, que por estar enfermo, está impedido de praticar atos pessoais. Daí, comandar o clube por mensagens eletrônicas e reuniões virtuais. No futebol, essa espécie de comando é estéril. É que abrangendo profissionais das mais diferentes camadas sociais, exige o exercício pessoal do comando. É elemento indisponível. Os jogadores que chegaram a partir de janeiro, pessoalmente, sequer conhecem Petraglia.
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Há uma diretoria (Küster, Gaede e Glomb) amarrada ao comando virtual e, que por isso, involuntariamente torna-se inerte. E há um CEO, o professor Leitão, que agora descobriu que o Athletico não é o mundo maravilhoso da Disney, lá do Orlando City, onde trabalhou.
No Athletico há exigência de resultados porque em cada esquina e nas redes sociais, há uma torcida cuja a paixão, às vezes, vai além do ponto. Leitão entende de administração como poucos. Mas de futebol como jogo, não sabe nada.
Esse estado repercute no CT do Caju. Sem uma autoridade com conhecimento e influência pessoal no futebol, o Caju fica sob o comando de Marcio Lara, que ignora as coisas básicas do jogo de bola e de relações humanas. Um novo dirigente diz que Lara fala inglês. O "cavalo" de Chico Buarque, em "João e Maria", "falava inglês".
E nessa espiral provocada pela falta de comando pessoal e capaz, surge a figura do treinador. Foi Autuori e Felipão lá atrás, agora foi Osorio.
O novo treinador por melhor que seja, estará desamparado. Sem um conhecedor de futebol para diminuir os poderes do treinador, o Furacão continuará andando em círculos. Andando, andando para acabar no mesmo lugar.