A sentença de Daniel Alves: prisão perpétua em quatro anos e seis meses
O ex-jogador Daniel Alves, que transcendia ao futebol, foi condenado pela Justiça de Barcelona a quatro anos e seis meses de prisão por estupro. Por equação matemática da lei espanhola, em menos de três anos, poderá pedir a sua liberdade.
Pode parecer que o quantitativo da pena tenha sido em proporção menor à gravidade do crime. Essa questão exigiria uma análise técnica da dosimetria, que é o cálculo para definir qual a pena a ser imposta.
Aqui, não é o caso. O que se deve fazer é uma análise social e esportiva da condenação, o que irá tornar até irrelevante o tempo da pena da condenação.
Daniel Alves, por ser famoso e milionário, carregou-se de orgulho e vaidade. Exibindo-se como celebridade, tinha até uma conduta exótica. Exibia-se com roupas e joias exclusivas, namorava e desfilava com modelos exuberantes em Milão, Madri e Paris. E quando jogava como lateral, “transcendia o futebol”, segundo a locução de Tite, enquanto treinador da Seleção Brasileira.
+ Confira as colunas de Augusto Mafuz no UmDois
Orgulho e vaidade originários da fama e da fortuna, quando não há uma sustentação de berço, alteram os atributos da personalidade natural do jogador de futebol. Criando uma nova personalidade, criam um poder pelo qual adotam uma consciência que podem tudo pelo resto da vida.
Esse mundo de Daniel desmoronou-se. Para quem pensava que tinha o mundo aos seus pés, sustentado pelo orgulho, pela vaidade, pelo dinheiro e pelo poder, uma sentença que reconhece publicamente a condição de criminoso por estupro, tem a capacidade de devassar o resto da sua vida. No caso de Daniel, tempo de quatro anos e seis meses da pena torna-se apenas um número formal e simbólico. O conceito social e humano da prisão de Daniel é o de prisão perpétua.
Em um ano, a Justiça Espanhola prendeu, instruiu, procedeu e ofereceu sentença, condenando-o por estupro, sem o beneficio da liberdade provisória em caso de recurso. É um bom exemplo para a Justiça brasileira tratar do caso de Robinho, que continua livre e solto em Santos, ignorando ser estuprador por sentença, na Itália.