Daniel Alves e Robinho e o tapa na cara dos jogadores
Em Londres, a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, assim falou sobre os casos de Daniel Alves e Robinho: “Isso é um tapa na cara de todas nós mulheres, especialmente o caso de Daniel Alves, que pagou pela liberdade”.
Não me surpreende que a única manifestação de comando do futebol brasileiro tenha partido de Leila Pereira. Mas, ao contrário do seu argumento “por ser mulher” que ela usou como motivação, entendo que o fez por ser uma exceção de autoridade moral dentro do ambiente prostituído de cartolas no futebol brasileiro.
Mas, nenhuma manifestação foi tão chocante como a da própria vítima ao exteriorizar o sentimento de que foi “estuprada pela segunda vez”.
Compreendo esse seu sentimento. Como vítima, adotou uma conduta honesta de exceção nesses casos que envolvem celebridades milionárias. Recusando milhões de euros de Daniel Alves para fazer um acordo, preferiu seguir a linha traçada pelo jurista alemão Rudolf von Ihering, em sua “Luta pelo Direito”, em que “a defesa do direito é um dever da vítima consigo mesmo”. E, agora, viu a Justiça espanhola oferecendo uma interpretação de conveniência da lei através da discriminação por fortuna, transformar-se se num mercado em que coloca preço na liberdade. Para Daniel, é só passar no caixa com 1 milhão de euros, um troco para a sua fortuna e dos seus amigos.
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Quer dizer: a vítima, traída por quem depositou toda a sua esperança, a Justiça da Espanha, esse “segundo estupro” deve estar causando mais danos no seu espírito do que causou o estupro físico que sofreu de Daniel Alves.
Volto à Leila Pereira.
Os casos de Robinho e Daniel Alves não foram “um tapa na cara” só nas mulheres. Bem analisados, repercutem como um “soco na cara” de todos os jogadores. É que, embora esses casos ingressem em um ambiente de exceções em razão do mundo imenso que é o futebol, toda a classe fica sob suspeita como era no passado, quando o jogador era remetido a um extrato social temerário pela sociedade.