Cuca brinca falando sério. E o caso Di Yorio e Benítez
Após a vitória do Athletico – 1 a 0 em Montevidéu sobre o Danubio, pela Sul-Americana –, assim falou Cuca, seu treinador: “De onze jogos ganhamos dez. Nem Real Madrid e Manchester City conseguiram”. Seguido da frase, um sorriso.
O mais importante da manifestação de Cuca foi o sorriso. O seu caráter irônico projetou o sentimento de certeza e de seriedade, uma espécie de autocrítica que era obrigação da diretoria fazê-lo: o Furacão pode ter elenco para jogar, mas não tem para competir nas jornadas de 2024. Jogar depende de número de jogadores; competir, de qualidade.
Mas autocrítica é o que a diretoria não faz.
Passou mais uma semana sem que a diretoria (séria, aliás) de Petraglia, Glomb, Gaede e Küster tenha determinado a abertura de uma sindicância para apurar responsabilidade pela contratação de Romeo Benítez e Lucas Di Yorio ao custo de R$ 26 milhões.
A lembrança e a comparação são inevitáveis: pela contratação do falecido Morro Garcia, em 2011, o Athletico processou ética e civilmente atleticanos históricos e honestos, submetendo-os a um julgamento popular que abriram feridas impossíveis de cicatrizar. Foi além: o seu Conselho de Ética recomendou a expulsão do ex-presidente Marcos Malucelli, um modelo humano de moral, que foi executada pelos conselheiros.
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Exaltei quando Mario Celso Petraglia afirmou que um de seus objetivos como presidente era “blindar” o Athletico para acabar com o sofrimento causado pelos maus tratos que recebeu durante a sua história.
Ocorre que os “maus tratos” passados foram de boa fé, de atleticanos idealistas, a maioria que sacrificou valores pessoais. Esse caso de Di Yorio e Benítez é tão estranho que é impossível usar a falta de capacidade para esconder as verdadeiras intenções.