CT do Caju: formação de campeões ou colônia de ressocialização?
O CT do Caju não serve apenas para formar campeões. Por entender que também deve ter a finalidade de reeducador de jogadores que teriam violado regras sociais, o Athletico tranforma-o, em alguns períodos, em uma colônia de recuperação.
Lá atrás, o goleador Adriano Imperador tinha sido denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por associação ao tráfico. A sua amizade com o traficante “Mica”, da Vila Cruzeiro, sugeria ao promotor alguma atuação no crime. No entanto, o Athletico o contratou.
Em 2012, quando atuava pelo Athletico, o goleiro Rodolfo caiu no doping por uso de cocaína. O Furacão tratou o jogador, que chegou a ser internado em uma clínica de recuperação. Ele foi suspenso por um ano, mas ficou mais de 580 dias sem atuar retornando apenas em 2014.
+ Confira as colunas de Augusto Mafuz
Mais recente, trouxe o lateral Marcinho. Com dois crimes de trânsito nas costas, ficou um bom tempo, até cometer um pênalti contra o Flamengo, que excluiu o clube da Copa do Brasil. Até agora, o crime que condenou Marcinho não foram as mortes em Jacarepaguá, mas o pênalti contra o Flamengo, que eliminou o Furacão da Copa do Brasil.
Daniel Alves e o presidente Mario Celso Petraglia trocaram juras públicas de amor eterno. Amor à primeira vista como esse, nem mesmo de Richard Burton e Elizabeth Taylor, quando se encontraram às margens do Rio Nilo, no Egito, para filmar Cleópatra.
Daniel só não veio jogar no Athletico porque Luiz Felipe Scolari não deixou. Talvez se tivesse vindo para a colônia do Caju, teria os seus instintos controlados e o crime de estupro na boate Sutton, em Barcelona, não teria ocorrido. Disse Elizabeth: “Gostaria de lhe falar do puro prazer animal que sinto por você”.
Agora, a colônia do Caju recebe o atacante Willian Bigode, 36 anos. Chegou carregando um peso nas costas e na consciência: a acusação de que seria o mentor de uma pirâmide de criptomoedas, que subtraiu milhões de reais de Gustavo Scarpa, Danilo, Mayke e Weverton nos tempos do Palmeiras.
A sua chegada ao Afonso Pena foi constrangedora, tratando-se de um simples jogador que ainda não teve e não terá lavrada a sua culpa: escoltado por todos os lados, foi levado em um carro blindado para o CT do Caju. Nem o tradicional doleiro Alberto Youssef, que voltava preso de Santa Catarina, exigiu tantos excessos protetivos da Polícia Federal. Talvez, porque Youssef voltava para a casa.
Disserto essas lembranças para concluir que o Athletico é o escape para almas que já foram ou estão para serem condenadas. Se Willian Bigode vai fazer os gols que Vitor Roque levará para a Europa é uma outra questão. Chegaremos a ela.