O que o Coritiba tem a ver com Pedro Barracão e a "jogada ensaiada"
Nos seus tempo de repórter de rádio, o histórico jornalista Dias Lopes gostava de contar histórias de Sobral, no Ceará. Das histórias, saíam os personagens que incorporaram o folclore esportivo cearense.
O mais famoso era Pedro Barracão, talvez o primeiro treinador do futebol brasileiro a ser chamado de “professor”. Contava o amigo Dias que, certa vez, era véspera da final do torneio da cidade, Pedro Barracão apareceu todo faceiro no campo de treino. “Pensei uma tática genial para ganhar o título”, anunciou.
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Curiosos, os jogadores queriam saber qual era a jogada genial. Então, Pedro Barracão cheio de orgulho e vaidade, em tom professoral, ordenou: “O nosso ponta corre pelo lado e cruza. O nosso centroavante entra pelo meio esperando a furada dos beques e marca o gol”.
Pobre, Pedro Barracão. Os beques não furaram e o seu time perdeu o título. Lembrei dessa história, vendo a “jogada ensaiada” para inovar a saída de bola do Coritiba contra o Palmeiras, pelo treinador Thiago Kosloski.
Vejam outra vez. O goleiro Gabriel prepara-se para cobrar um tiro de meta. O seu movimento deveria ser sincronizado com o avanço e o recuso de Henrique e Thalisson, cada um de um lado. Gabriel bate na bola, remetendo-a para fora.
O lance provocou risos no campo. Passado em vídeo, continua provocando gargalhadas. É aí que surge o triste problema: os coxas estão virando folclore, piada, gozação. Quando começa a perder o orgulho, é o começo do fim.