Coritiba e os investimentos na "conta do chá"
Quem será o novo técnico do Coritiba? Inusitado, mas por mais importante que seja, será irrelevante. Em pouco tempo, será a nova vítima do projeto insensível de investimentos que é aplicado no futebol do clube. E então, como os treinadores anteriores, será demitido.
É um ciclo vicioso, que teve origem na escolha do fundo de investimento Treecorp para receber a cessão das ações societárias.
São investidores sérios e de respeito no mercado financeiro, ninguém pode duvidar. Ocorre que o futebol, sendo-lhes estranho como investimento, mesmo que involuntariamente amputaram o espírito esportivo do objeto social do Coritiba.
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Amputado, só há uma prótese capaz de recuperá-lo: o investimento para, no mínimo, competir. Só assim vai convencer a torcida de que é possível fazer projeções futuras de conquistas.
Ocorre que a natureza de negócio no mercado financeiro, da Treecorp, é inconciliável com a natureza de negócio no futebol. Naquele, cada centavo investivido é pensado e pesado. Nesse, no mercado de futebol, há um elemento que não se pode enfrentar: o risco. O futebol é essencialmente um negócio de risco por estar submisso às questões de campo, que não podem ser controladas pela previsão de quem investe. E, às vezes, torna-se necessário aumentar esse potencial para alcançar vitórias e ganhar dinheiro.
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A verdade é que a torcida coxa está impaciente. Projetou-se um grande negócio para médio e longo prazo, sem avisá-la de que a natureza dos investidores é a de fazer negócio na "conta do chá". Mais a instituição que a sociedade, iludiu a torcida com resultados a curto prazo.
Se a Treecorp não se convencer que o futebol é um negócio de risco sendo perda inevitável, e que uma torcida não soma pontos e vitórias na "conta do chá", o negócio pode se tornar temerário para os dois lados.