Coritiba e o perigo de ficar pior do que está
Mais por curiosidade do que referência para análise, já tinha assistido o Coritiba contra o Guarani (1x0), e agora o assisti jogar contra o Novorizontino (0x0). Nem para torcer contra tem-se um incentivo à emoção. É um tédio.
Mas, o estrago feito, feito está. O baixo nível técnico e tático, e a queda na classificação a cada rodada, são os menores problemas do Coxa. A questão mais preocupante passa pela torcida, com seu apelo formal para a destituição de Carlos Amodeo, o diretor geral da sociedade.
Os senhores da SAF não irão destituir Amodeo, já está decidido. Entendem, e com razão, de que houve equívoco de projetar a recuperação do futebol a médio prazo. A mudança desse projeto explica a contratação de Paulo Autuori, uma das raras sabedorias puras de administração técnica do futebol brasileiro.
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Então, à partir de Autuori no futebol, Amodeo será apenas um executivo operacional na parte administrativa. Nada além.
É possível afirmar que o “homem de Roberto Justus” no Coritiba passou a ser Paulo Autuori, após ser resgatada uma velha relação dos tempos do São Paulo, campeão da Libertadores e do Mundo de 2005.
Ocorre que Autuori ingressa nesse mundo coxa em um momento em que só é possível fazer planos. É que a trava no mercado mercado de transferências não permite ações. De imediato, o que o diretor supremo irá fazer é diminuir o risco de que a queda do time na classificação não o impossibilite de reagir na segunda fase da temporada.
O orgulho da torcida do Coritiba e Carlos Amodeo
E, aí, entram as ações formais da torcida que exigem a demissão de Amodeo. Se administrativamente o Coritiba vai bem, e se a falta de sabedoria no futebol cessou com a contratação de Autuori, o motivo que resta para a torcida é apenas orgulho por ter sido criticada pelo CEO.
A pressão popular sobre a sociedade por um motivo meramente de orgulho ou de capricho de arquibancada pode ter repercussão negativa na relação comercial entre instituição e investidor.
Vejam só o que acontece com o Vasco da Gama. A torcida pressionou o presidente Pedrinho contra a SAF, a instituição foi à Justiça, e essa afastou os investidores. Agora, por esses estarem desobrigados a cumprirem as obrigações financeiras, a torcida assiste à instituição não ter dinheiro para sequer pagar as despesas diárias.
Na Grécia Antiga, o Rei Pirro, não seguindo o conselho de Alexandre, o Grande, por qualquer motivo guerreava contra os romanos. Ao perder seus melhores comandantes e amigos, depois de uma outra grande vitória, disse: “Outra vitória como esta, e estarei completamente arruinado”. Surgiu, então, a expressão Vitória de Pirro.