Para o Coritiba, há coisa pior que a Série C do Campeonato Brasileiro
Se pudessem prever o futuro, os coxas teriam parado o tempo no final dos anos setenta. Então, continuariam supremos, soberbos e campeões. Mas, como o tempo não para, o futuro chegou como uma reserva quase inesgotável da realidade que o passado não resolve.
Por ser vítima de administrações pródigas há muitos anos, que o inchou de dívidas, obrigou-se a buscar a salvação na nova ordem jurídica, que já foi vulgarizada como SAF – Sociedade Anônima de Futebol.
De início, a torcida, e agora a instituição, culpam o fundo de investimento Treecorp pelo fracasso esportivo, que pode tomar o rumo imprevisto da queda para a Série C do Campeonato Brasileiro.
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O caso não é de culpa, é de responsabilidade. E entendo que a Treecorp não é a responsável, mas a instituição sim.
Explico. Há um contrato pelo período de 50 anos, em que não há obrigações de resultados, mas de meio. Por aquelas, a sociedade, estaria obrigada a adotar as providências para alcançar vitórias.
Ocorre que as obrigações da sociedade coxa são de meio, pelas quais não se exige o resultado. Há prazos para investimentos definitivos no futebol e há prazos para investimentos definitivos no patrimônio sucateado da instituição. A prioridade, expressa em contrato, é decidida pelo sócio, que tem o poder de administração.
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A responsabilidade pelo que ocorre no Coritiba é toda da instituição. Escolheu-se um sócio, que é da Faria Lima, e não do mercado esportivo.
Por um ano, discutiu-se o contrato em que o Coxa negociou o corpo e alma por até R$ 1 bilhão, em 50 anos. Os seus dirigentes, sócios e conselheiros, representando a torcida, confirmaram o contrato, sem exigir o elemento mais importante: a obrigação esportiva do sócio investidor. Dirão que o espírito do contrato é esportivo.
Essa hipótese poderia prevalecer se, na época da assinatura, o clube não estivesse em recuperação judicial, desesperado em busca de um sócio para pagar mais de R$ 100 milhões de dividas. E se tivesse seu patrimônio, Couto Pereira e CT, atualizados.
Esse ambiente de guerra própria dos tempos de cartolas não irá resolver o problema técnico. Ao contrário, pressionado por ameaças de violência de torcida, e jurídicas do Conselho Deliberativo, o fundo de investimento pode ter causa para ir embora. E isso ocorrendo, a Série C seria um paraíso diante das consequências negativas para a instituição.