Copa do Mundo no Catar: sangue pode, cerveja e amor não podem
Na Argentina, em 1978, os fatos eram graves, mas eram transparentes: enquanto o notável meia Mario Kempes fazia o gol do título mundial contra a Holanda, no bairro de Nunes, as mães e avós argentinas choravam a morte e o desaparecimento seus filhos e netos, na Plaza de Mayo, praticados pelo regime do sanguinário do general Jorge Rafael Videla.
Na Copa do Catar as coisas serão diferentes: enquanto Neymar, Messi e Cristiano Ronaldo estiverem fazendo os seus últimos gols em mundiais, não haverá mães e avós, e não haverá uma Plaza de Mayo para chorarem os seus mortos migrantes, vítimas do estado de servidão imposto pelo regime de Tamim bin Hamad-al-Thani.
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A Copa do Catar vai servir de exemplo definitivo do significado do totalitarismo, que é protegido pelo derrame de sangue inocente. O impedimento da liberdade de manifestação de opinião, seja por gestos, palavras ou pelo exercício do amor livre, qualquer que seja o gênero, e tomar cerveja, não podem.
Os “patriotas” que abraçam os nossos quarteis iriam se sentir confortáveis na Casa de Thani.