Contra o Flamengo, um Athletico abalado? Esperem e verão
Assim falou Felipão depois dos 5 a 0 que o Athletico sofreu do Flamengo: “Ficamos abalados”. Na frase, o tempo do verbo indica um estado no pretérito perfeito. Significa que os efeitos do resultado não irão se projetar para o futuro, tendo se esgotado no Maracanã. Em especial para o jogo dessa quarta-feira (17), contra o Flamengo, na Baixada, pela Copa do Brasil.
Felipão não é psicólogo de diploma. No entanto, poucos conhecem a mente e a alma do jogador como ele. Há 40 anos como treinador enfrenta a reação e a variações de sentimentos de um clube diante de um fato excepcional como é o do Athletico sofrer uma goleada de 5 a 0.
No passado, talvez, o abalo emocional de uma goleada fosse sentido no tempo. As coisas mudaram tanto pela influência mercantil no futebol que qualquer fato, mesmo que seja uma goleada de 5 a 0, não provoca trauma. Para os profissionais do futebol e, aí incluem-se dirigentes profissionais, há sempre o recurso de um antigo conforto, o da vida que segue. Em uma disputa como essa há muito dinheiro e prestígio em jogo. O dinheiro, é claro, primeiro. Então, o próprio jogador que no futebol atual não veste nenhuma camisa por amor, não tem nenhum espírito de ideal para não absorver um “abalo”.
No caso específico do Athletico para esse jogo contra o Flamengo, nem é preciso recorrer às lições que aprendemos que a vida nos ensina. Todas as circunstâncias serão diferentes: estádio, torcida, ambiente, torneio, critério de decisão e, em especial, o time. Em especial com Bento no gol, Thiago Heleno e Pedro Henrique na zaga, e Hugo Moura, Alex Santana, Fernandinho e Terans no meio campo.
Haverá, portanto, para o Furacão a intervenção de elementos que devem o diferenciar por inteiro e em toda a sua extensão daquele time que tomou os 5 a 0. No mínimo, diante da melhor versão do Flamengo depois de 2019, deve fazer um jogo igual. E, em um jogo de iguais, desde que não ocorra fatos extraordinários, tudo estará dentro da lógica. E eliminar o Flamengo não é uma passagem estranha no roteiro de vida do Furacão. Aqui e no Maracanã.