Com Bento no gol, Brasil ganha em Wembley: 1 x 0
O Brasil ganhou da Inglaterra, no místico Estádio de Wembley, em Londres, gol do menino Endrick, 1 a 0. Transportada para um ambiente histórico, seria uma vitória comum em razão da supremacia brasileira sobre os ingleses no futebol. Mas, uma vitória como essa em Wembley, tem que ser ditada como extraordinária.
É que a Seleção Brasileira foi jogar sem nenhuma ilusão. Tinha todos os argumentos para justificar uma derrota, e nenhum para exaltar a sua vitória. É que era um Brasil, veja só, que jogava à procura do tempo perdido, jogando com objetivo de surpreender os ingleses.
É que despedaçada por uma geração perdida de técnicos e jogadores, cujos simbolos são Felipão (2014), Tite e Neymar, iniciou a busca do tempo perdido como se fosse composta por personagens saídas da obra de Marcel Proust.
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De uma portentosa Inglaterra que domina a Europa com a sua renovação, assistida por 82 mil torcedores, o Brasil ganhou com autoridade, gol de Endrick, em jogada em Andreas Pereira e Vinicius Junior, 1x0. Ganhou como Brasil no passado, sem alienar-se a qualquer outra circunstância. Ganhou porque foi superior, embora, surpreendente.
E o gol desse Brasil foi guardado por Bento.
No futebol, nós vivemos mais de enganos do que de verdade. Mais do que nome de santo e de papa, o Bento de Wembley era o nome do goleiro do Clube Athletico Paranaense.
Lá, em Wembley, estava o menino de Curitiba, vestido de um verde que lembra um Brasil remoto, ou do poema do atleticano imortal Paulo Leminski, que emociona: “O verde que vestes, o verde que vestiste, no dia em que te vi, no dia em que me viste”.
Sereno e com autoridade de quem foi educado e formado no CT do Caju, Bento jogou como já fosse o goleiro que o Brasil terá na Copa de 2026. Ave, Bento!