O Brasileirão começa a apresentar “o pior futebol do mundo”
Despudor escancarado, ninguém se dá ao trabalho de exigir e oferecer soluções. As aparências e os disfarces foram para o brejo. A começar pelo idioma. Há tantos gringos que já há técnico e jogador brasileiros usando o “portunhol” para harmonizar os idiomas.
Nunca o futebol brasileiro importou tantos jogadores como nesse 2024, contratando, em sua maioria, jogadores em que a falta de qualidade em razão do preço, coloca em dúvida a seriedade moral do negócio.
Nesse Brasileirão, 20% dos jogadores inscritos são estrangeiros. Desgasta o caixa e inutiliza o trabalho de base, impedindo a formação de grandes jogadores brasileiros. Esses que no passado eram regra por serem revelados em massa, passaram a ser um evento excepcional.
+ Veja todas as colunas de Augusto Mafuz
Mas esse, embora seja um problema grave, não é o maior. Nunca o futebol brasileiro teve ciclo tão fraco de dirigentes. A exceção de Leila Pinheiro (Palmeiras) e Mario Celso Petraglia (Athletico), os clubes estão sendo corroídos pela incompetência e pelo tráfego de interesses pessoais.
No núcleo de tudo e de todos, a CBF que, vai ano e vem ano, é incapaz de resolver dois problemas crônicos do futebol brasileiro: a arbitragem e os gramados. São elementos viciados que nem mesmo nos lugares mais remotos do mundo irá se encontrar pior.
Uma vistoria antecedente no Mineirão, em Criciúma e no Barradão iria permitir os jogos programados para essa primeira rodada? Em um país com o mínimo de amor pelo futebol, com certeza todos seriam vetados.
Comparado à obra de Dante, o futebol brasileiro é o inferno. E nesse ambiente, ao invés de vitimas, os jogadores devem concorrer, também como culpados. Quando se reclama a atuação deles como interventores de muitos problemas, omitem-se. Representados por entidades de classe (sindicatos, associações e confederações) vêm os seus presidentes ostentarem riquezas. Em concluio com clubes e entidades (CBF e Federações) esses senhores classistas, calam-se. Como os jogadores, só querem saber do dinheiro em conta, revelando pouco apreço pelo exercício do futebol como trânsito social.
E há, ainda, a nova imprensa constituida por ex-jogadores. Com exceção de Fernando Prass (ESPN), Roger Flores (Globo) e Douglas (TNT), o que se formou é uma legião de ex- jogadores que evitam assuntos que exigem análise mais crítica. O programa “Redação”, do excepcional Marcelo Barreto, por ser só de jornalistas, é uma ilha de opiniões dentro do SporTV, que tem o monopólio de ex-jogadores.
O saudoso Fernando Solera, um dos maiores narradores de futebol na televisão (Rede Bandeirantes), saudava um gol com a frase: “o melhor futebol do mundo, no 13”.
O futebol brasileiro está conseguindo acabar com o seu passado.