Paulo Autuori volta para o Athletico. Como bombeiro ou como apóstolo?
Entre os seus significados, a expressão "andar em círculos" refere-se a aquilo que não sai do lugar. Há tempo convencido pelo Thiago Mourão de Araújo, notável advogado e que parece programado para um dia ser presidente do Athletico, não canso de escrever que o futebol do clube anda em círculos.
Desde 2012, quando Mário Celso Petraglia tomou a posse exclusiva da Baixada e do Caju, o futebol do Furacão entrou em inércia no aspecto esportivo.
Bem por isso, acabava sempre no mesmo lugar. O que restava era a ilusão de que no ano seguinte seria diferente. E o ano seguinte chegava, e tudo se repetia. E tudo voltava ao mesmo lugar. Fica a ilusão para o ano seguinte.
Esse circulo vicioso só foi quebrado com a presença de Paulo Autuori a partir de 2016. Embora interrompido por conflito que sua independência sempre provoca, a excelência do comando de Autuori teve consequências duradoras, mesmo com a sua ausência. Em razão dele, o Athletico ganhou a Sul-Americana (2018), a Copa do Brasil (2019) e o bi da Sul-Americana (2021).
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E não foi coincidência que saindo Autuori, o Furacão voltou ao estado de inércia, sem chegar a lugar nenhum. A final da Libertadores com o Flamengo foi consequência do casuísmo, elemento central de toda a obra de Felipão.
Agora, depois de acender várias velas para o Diabo ao custo de R$80 milhões, sem ter um dirigente no futebol, Petraglia acende uma vela para Deus. Ave, Petraglia!
Autuori está de volta ao Athletico.
Só que desta vez vem no papel de bombeiro para apagar as intensas labaredas do incêndio provocado pelo próprio Petraglia que queimam o CT do Caju.
Aos 68 anos de idade, Autuori deveria encerrar a carreira no Athletico. Aí, poderia repetir a mensagem do apóstolo Paulo, que inspirou o seu nome: "Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé". Ave, Paulo Autuori!