Lucas Paquetá pode, Alef Manga, não? A resposta, com a CBF
Desde que a Revolução Gloriosa de Cromwell (1642 – 1688) cortou a cabeça do rei e acabou com o absolutismo, o povo inglês aprendeu respeitar as instituições. Sem códigos e sem constituição, há ordem social.
O futebol, envergonhado e temeroso pelas tragédias populares provocadas pelos hooligans, autoexcluiu os clubes e a seleção das Copas europeias e mundiais. Talvez Lucas Paquetá, do West Ham e titular da seleção brasileira, não estava consciente do lugar em que vive para jogar futebol e ganhar milhões de libras.
Agora, a FA (Federação Inglesa de Futebol), fechando uma investigação de oito meses, denunciou-o, concluindo que os quatro cartões amarelos que recebeu não foram consequência natural do jogo, mas programados para influenciarem o mercado de apostas.
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Entre as conclusões está a de que toda vez que Lucas Paquetá recebeu cartão amarelo, um número expressivo de apostadores da Ilha de Paquetá, sua terra natal, ganhava uma aposta. A vida ensina que quando se percebe a ocorrência de coincidências, a tragédia está consumada.
Para analisar o caso Paquetá, é preciso partir de um ponto que não está sendo observado pela mídia central: a investigação administrativa dos ingleses já foi concluída, explicando se aí a denúncia à Justiça Inglesa.
Depois da defesa formal do jogador, haverá o julgamento. No histórico da Justiça Desportiva da Inglaterra, nenhum jogador que foi denunciado após a investigação foi absolvido.
Paquetá nunca pregou inocência, preferindo silêncio. Agora, mal orientado, ao invés de continuar em silêncio, falou: "fiquei surpreso com a denúncia. Sempre colaborei para esclarecer o caso". Um investigado não colabora só para afirmar a sua inocência.
O objetivo da colaboração é auxiliar a autoridade contando fatos direta ou indiretamente associados ao fato investigado. Considerando que Paquetá confessa que colaborou, é possível concluir que tinha conhecimento de algumas circunstâncias.
Os comentários sobre o Caso Paquetá estão sendo medidos. Recebe o benefício da dúvida por estar cotado em 75 milhões de libras e jogar na seleção brasileira. Ao contrário dos jogadores denunciados pela Operação Penalidade Máxima, de Goiás, que foram suspensos ou eliminados por estarem já marginalizados do mercado milionário do futebol.
O único destaque foi Alef Manga, que obriga-se a treinar por conta, sem ter relação com o Coritiba. Lucas Paquetá vai jogar pela Seleção Brasileira? Será surpresa se a CBF rasgar o seu código de ética e afastar Paquetá.