Opinião

Argentina troca “la mano de Dios” pelos “los piés de Dios”. É tricampeã do mundo

Argentina

Argentina.

Não há povo que recorra tanto a Deus para explicar os seus atos. Talvez, já cansado desses reclamos, Ele, para ajudá-los, fez de Jorge Mario Bergoglio, o bendito Papa Francisco.

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Em “Adios Muchachos”, Carlos Gardel canta a despedida dos companheiros da vida e que no caminho irá seguir as leis de “Dios el juez supremo”. Embora agnóstico, Jorge Luiz Borges, o maior de todos os argentinos em sua “Escrita de Deus”, não nega que “há quem tenha visto Deus num resplendor, há quem o tenha percebido numa espada ou nos círculos de uma rosa”.

Não há povo que seja tão ostensivo para recorrer a Deus em busca do perdão para os seus pecados como o argentino. Na Copa do Mundo, do México (1986), Maradona foi perdoado porque não alcançando a bola espirada no chute de Jorge Valdano, usou a mão para marcar o primeiro gol da Argentina contra a Inglaterra (2×1). Pedindo perdão pelo mal feito, atribuiu o gol a “La mano de Dios”. Logo depois, embora criasse uma das maiores obras antológicas do futebol, quando decidiu o jogo driblando um cem número de ingleses, foi o “La mano de Dios” que se transformou em lenda.

A Argentina é tricampeã do mundo. Meu pai João, certa vez me falou vez que nunca haveria uma final de Copa do Mundo como Alemanha 3×2 Hungria, naquele que a história escreve como o “Milagre de Berna”. Teria sido mais emocionante de que essa Argentina 3×3 França e decidida nos pênaltis (4×2)?

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A verdade é que os argentinos ganharam sem precisarem pedir perdão de Deus. Não cometeram nenhum pecado. Só agradecê-lo. Se antes Deus havia emprestado “La mano” para Maradona ganhar o bicampeonato, agora emprestou “Los pies” elegendo como predestinando Lionel Messi para usá-los. E Messi os usou com a fidelidade que exige um executor divino.

Messi tornou-se maior que Maradona. Maradona era argentino. Como escreveu o imortal escritor uruguaio Eduardo Galeano, Messi é um milagre. É do mundo, é de todos nós.

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