Atualizando Hemingway: a Arena da Baixada é uma festa

Paris é uma festa? Se os americanos juram que Ernest Hemingway, lá de cima, observa tudo para voltar a escrever, bem que poderia ter como motivo para atualizar a sua obra, “Paris é uma festa”, um jogo do Athletico na Baixada.
Pense bem. As letras de Hemingway descrevendo o terceiro gol do Athletico contra o Azuriz, o segundo de David Terans. Foi o momento em que o uruguaio provou que a inteligência e o talento de um jogador podem ser projetados para o mundo exterior. Pela meia direita, driblando e chegando à área, em diagonal final, com um “canhotaço” marcando mais um de seu catálogo de belos gols.
E daí, Hemingway, mais inspirado com doses de mojito (rum e hortelã), teria que escrever sobre o que os atleticanos já afirmam como o nascimento de um novo ídolo: o uruguaio Canobbio faz uma jogada que talvez tenha surpreendido a si próprio. De gênio, a mim surpreendeu. Em velocidade, entrou na área driblando e, chegando ao fundo do campo, lança para o menino Luciano Arriagada, um jovem chileno de 20 anos recém-saído do pé da Cordilheira dos Andes. E assistindo a uma torcida enlouquecida pela paixão e entorpecida pelo orgulho de ser dona desse cenário na mais bela arena do Brasil, a Baixada.
O nome de capa: a Baixada é uma festa.
Se é possível destacar a ingenuidade tática do Azuriz na marcação para explicar os 5 a 0, é uma outra questão. O futebol real para mim é a alma, o ambiente de arquibancada da Baixada cheio de ilusão, de esperança e de sonhos, de ídolos eternos e de ídolos por um dia.
Mais do que Paris, a Baixada é uma festa.