Atletiba: o imponderável vai ficar no vestiário?
Há 99 anos, desde que o primeiro Atletiba foi jogado (Coritiba 6 a 3), um elemento foi empurrado para dentro do clássico e que amedronta qualquer análise prévia: o imponderável, aqui no sentido figurado que impede uma análise prévia com traços de certeza. É essa incerteza que torna tudo relativo aquilo que em condições normais teria caráter absoluto.
E quantas vezes nós, apaixonados por um ou por outro, já não usamos esse imponderável como consolo para a derrota ou motivo para a alegria. O tal do imponderável nós não vemos, mas que existe, existe. É exatamente aí que se encontra a parte mais bela desse valor imensurável da nossa Curitiba, o Atletiba.
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Eu já vi o imponderável de corpo e alma. Na final do Campeonato Paranaense de 1990, os coxas ganhavam por 2 a 1 e já gritavam “é campeão, é campeão”. Então, Serginho Prestes cobrou um lateral para o Coritiba e iniciou uma linha de passes às avessas, para trás. A bola alta foi para Berg, que não vendo o goleiro Gerson sair do gol, cabeceou para trás. E entrou. Sem dar um único toque na bola, o Furacão empatou e foi campeão. Um imponderável inusitado, divertido e emocionante.
Por coincidência, na época eu ouvia no carro uma fita cassete de Luciano Pavarotti e quando liguei estava a canção “Ridi Pagliaccio” que termina assim: “Sobre este amor despedaçado, ria da dor que envenena teu coração”.
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No entanto, quem conhece bem a história por livros ou a testemunhou e testemunha pode afirmar que raríssimas vezes o Atletiba foi decidido por esse elemento que se esconde. Em regra, sempre ganhou aquele que reunia melhores técnicas, táticas e emocionais.
Transportando tudo para esse Atletiba que será jogado na Baixada, o Athletico é o favorito por fatores objetivos: sob o aspecto técnico é melhor e sob o aspecto emocional está seguro entre os primeiros. Só há uma dúvida: o treinador Paulo Turra já se acha um “Rinus Michels”? Se sob o aspecto tático o Furacão for mais forte que o imponderável, esse vai ficar no vestiário.