Opinião

Athletico: uma vitória com o carimbo de Felipão

Por
Augusto Mafuz
19/05/2022 00:45 - Atualizado: 04/10/2023 16:43
Felipão, técnico do Athletico
Felipão, técnico do Athletico | Foto: Atila Alberti/UmDois Esportes

Baixada, Libertadores: Athletico 2x0 Libertad.

O que Luiz Felipe Scolari falou no intervalo do jogo?

Não se sabe. Deve ter confessado o seu desprezo pelo futebol rasteiro da etapa inicial, deve ter dado ordens táticas, deve ter falado tudo o que se possa imaginar. Seja o que foi, resolveu: o Furacão, que era preguiçoso, voltou acelerado; o Furacão, que era desorganizado, voltou em ordem; o Furacão, que não provocava a mínima ilusão de vitória, voltou com a certeza de que precisava e iria vencer.

Já escrevi aqui, o que Puskas narra na sua autobiografia: os 15 minutos de intervalo podem decidir um jogo. É o único momento em que técnico e jogadores podem se acertar, corrigindo os seus erros, acabando com as suas diferenças.

Bem por isso, esqueça-se o Athletico de Felipão da etapa inicial. Foi igual ao de Carille, e pior do que o de Valentim. Horroroso.

Na etapa final, foi uma versão responsável que ganhou consciência das suas limitações individuais. A partir daí, agrupado, jogando com humildade sem bolas técnicas e laterais, passou a correr. Atraindo o Libertad, criou espaços para jogar no contra-ataque, mesmo com a obrigação de ser o dono de jogo. Jogar no contra-ataque quando precisa, mais que humildade, é inteligência.

E, então, dessa evolução, aos 14 minutos, uma bola caiu na esquerda com Cuello. Antes de prosseguir, pergunto: o argentino quis cruzar ou quis finalizar?

É irrelevante investigar o querer de Cuello. O importante foi que a bola, depois de dar uma volta ao mundo, foi cair no ângulo esquerdo da meta paraguaia.  Lembrei de uma confissão de Johan Cruijff: “Fiz muitos gols que entraram para a história, sem a intenção de fazê-los.”

A partir do gol do Cuello, o Athletico foi literalmente, um time de Felipão. Com o seu carimbo de autenticação. Atrás, atraindo os paraguaios, arrumou espaços para o contra-ataque. E, aos 23 minutos, Canobbio, finalmente, pagou alguns dólares do preço que custou: em jogada de velocidade e talento de David Terans, o melhor em campo, lançou a bola para Canobbio que, na saída de Martín Silva, fez o segundo gol e liquidou o jogo.

O Furacão que era lanterna vai decidir a vaga como líder.

E vai ganhá-la.

E, se vai seguir em frente ou não, é como foi a conversão de Felipão e o gol de Cuello. No futebol de resultados, vale o resultado do dia.

Essa coluna é uma homenagem ao jovem Gabriel Fuzzo, atleticano dos grandes que está sendo diplomado em Barcelona na graduação, em Engenharia Civil.

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Augusto Mafuz é um dos comentaristas esportivos mais tradicionais de Curitiba, conhecido por sua cobertura do Athletico e outros times da capital. Nascido em Guarapuava em 11 de maio de 1949, Mafuz tem sido uma figura central no j...

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