As desculpas esfarrapadas da "diretoria" do Athletico para o rebaixamento
Às vezes, a melhor coisa a fazer é não fazer nada. A carta que teria sido assinada pela diretoria do Athletico, pedindo desculpas à torcida pelo rebaixamento para a Segundona, é uma dessas coisas. Nada mais constrangedora, a começar pela remetente: a diretoria.
A carta tem todas as digitais do presidente Mario Celso Petraglia. Mas, incapaz de pedir desculpas a alguém, em especial à torcida atleticana, remete como uma manifestação da diretoria.
Se a carta tivesse como limite o ato de reconhecer os erros e assumir a culpa, como ocorre no segundo parágrafo, poderia ser razoável. Ocorre que, sendo escrita por Petraglia, perde-se em justificar o que não pode ser justificado.
O primeiro motivo seria vulnerabilidade econômica de muitos clubes, em razão da “injeção de aporte financeiro por investidores na formação de blocos econômicos”, fazendo referência às SAF’s.
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Em 2023, com Cuello, Canobbio, Bruno Zapelli e Esquivel, o Athletico investiu R$ 100 milhões. Agora, em 2024, com Léo Godoy, Mastriani, Gamarra, Benitez e Di Yorio, o contrato total é superior a R$ 100 milhões.
A questão, portanto, em relação às SAF’s, não foi a diferença de aporte financeiro, mas de capacidade e seriedade nas contratações. O que o Athletico fez, por deixar por conta de Márcio Lara, com anuência de Petraglia, dois incapazes para tratar de futebol, foi ir para o mercado especulativo de jogador. O resultado é que de todos esses jogadores contratados houve apenas um acerto: o lateral-esquerdo Esquivel.
O argumento poderia ser absorvido para justificar a impossibilidade de disputar o título. Mas, para justificar o rebaixamento, a desculpa fica em farrapos diante dos fatos.
A carta avança e trata das “dificuldades do calendário”. Em um texto rebuscado, (é o que ocorre quando quer confundir o leitor), trata o calendário do Furacão como se fosse diferente de todos os outros.
O mais grave é que revela a disposição de tratar o amor da torcida como ingenuidade - é quando escreve que, “infelizmente, pelo imponderável da bola e pela incerteza inerentes a cada contratação, não acertamos”.
É uma barbaridade essa motivação. O imponderável e a incerteza têm o mesmo significado. É o que não se pode prever, é o que não existe certeza. Mas, contratar nove jogadores, gastar R$ 200 milhões, e acertar só em Esquivel, é coisa do imponderável e da incerteza? O imponderável futebol do Furacão tem outro nome: incompetência. No caso, em estado bruto, afasta-se da lógica do risco e provoca a desconfiança se o erro foi mesmo involuntário.
Escrevi que o rebaixamento foi apenas a primeira desgraça da caixa de Pandora do Furacão. Outra começa a sair e, na segunda-feira, trato dela.