Athletico manda buscar dinheiro nos Estados Unidos
Como entende que o seu direito de mandar e não aceitar contestação é sagrado, o presidente Mario Celso Petraglia despachou os prepostos Alexandre Mattos e Marcio Lara para os Estados Unidos. A esperá-los está um fundo de investimentos que aceita discutir a proposta do clube de vender 40% das ações da sociedade anônima, cuja constituição está sendo formalizada.
Como associação, o Athletico foi o clube que mais cresceu na América do Sul. No Brasil, foi o único que conseguiu entrar no grupo fechado por São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Não tem dívidas. O pagamento das parcelas vencidas do acordo judicial para pagar a Baixada já está garantido com o contrato com a Ligga Arena.
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É referência como gerência administrativa, comercial e tecnológica. Com 40 mil sócios pagantes (capacidade da Baixada), é o que mais ganha com a cessão dos direitos de jogadores nos mercados interno e externo. Em estado de liquidez, passou a concorrer com outros grandes clubes pela aquisição de revelações, casos de Vitor Roque, Canobbio e Zapelli.
Sempre está competindo, decidindo e ganhando títulos nacionais (Brasileirão e Copa do Brasil) e continentais (Sul-Americana e Libertadores). Esse modelo associativo-empresarial do Athletico como clube de futebol está esgotado? A questão não é simples, é complexa.
O presidente Mario Celso Petraglia vem afirmando há tempo de que o Athletico não ganha títulos em sequência porque esse modelo está esgotado. Seus contestadores sobre esse tema - e eu sou um deles - têm uma razão forte: o que está esgotado não é o modelo jurídico. É o modelo diretivo do futebol que só é profissional porque remunera, pois na prática, as idéias e a sua execução têm a pior espécie de amadorismo que é o da incapacidade e do interesse próprio. Agravou-se com a enfermidade de Petraglia.
Não há um projeto definitivo, tudo é transitório. O exemplo de janeiro de 2022 é clássico: certo dia, Petraglia apresentou a que seria a melhor comissão técnica do Brasil com Paulo Autuori, Carlinhos Neves e Ricardo Gomes. E era. Um mês depois, todos estavam demitidos para o clube ter Felipão e Alexandre Mattos.
A do Athletico não deve ser uma sociedade empresarial modelada como as sociedades de outros clubes que, em troca de trinta moedas, passou para o investidor o futebol e a exploração do patrimônio. O Furacão continuaria sendo o gestor do futebol, o administrador e o dono do caixa. Uma espécie do jogo francês effeuiller la marguerite - desfolhar a margarida: Bem me quer...mal me quer.