O Athletico e o grande time que continua longe da Baixada
Final de férias, meu neto Théo de volta para Montreal. Para mim, quer dizer: sai o “Chuva, Chuvisco, Chuvarada” do Cocoricó volta George Harrison com o seu eterno “My Sweet Lord”. Já estou sentindo saudades do Cocoricó.
No tranco, o Athletico ganhou do Galo Maringá, 2x1. Quando a certeza da vitória entra no campo da ilusão, ainda resta uma esperança: Pablo. Quando Cuello já havia perdido dois gols por chutar de canela, restou uma única bola, a de Madson que cruzou para a área, a zaga do Galo falhou e, Pablo, caindo, fez dois a um.
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Em resumo, o Furacão que havia empatado com o Azuriz (1x1), empatado com o Maringá (1x1), agora ganhou no tranco do Galo Maringá (2x1). Só não ocorre irresignação na arquibancada porque os 33 mil atleticanos na Baixada, de mulheres, crianças e deficientes constituíam um público de ópera.
Ganhar jogando mal e com um gol de Pablo é bom ou é ruim, é certeza de algum futuro ou só ilusão?
Ouvindo a entrevista do doutor Osorio, senti saudades do meu tempo de repórter de campo. As duas questões mais importantes não foram erguidas e eram obrigatórias: “Cuello está se tornando o seu homem de confiança?”
Contra o Maringá pensei que foi uma simples coincidência o fato de Cuello jogar no meio para criar e distribuir bolas. Mas, voltando a fazê-lo contra o Galo, provocou-me pavor. Seria Cuello o “meia pensante” do doutor Osorio? Prefiro atribuir esse fato à fase em que o treinador especula com todos e em todas as posições. Teimo em acreditar que Osorio esteja pretendendo atribuir a Cuello a função mais importante de um esquema tático.
Embora seja grave, Cuello é o menor dos problemas. A questão mais importante é outra. Nós, jornalistas e torcedores, estamos querendo mudar a nossa cultura em relação ao tempo que o treinador deve ter. Afastando-se do imediatismo, estamos convencidos de que é preciso dar um espaço temporal para que os jogadores adotem executem as suas idéias.
A missão mais importante do técnico é a que formar uma base individual para, sobre ela, construir uma estrutura tática. Então, pergunta-se: jogadas quatro partidas, sempre com um time e uma ordem diferentes, em que momento o doutor Osorio vai tomar um rumo definitivo? O simples fato de sempre reclamar por reforços prova de que o que vem fazendo nada mais é do que especular com a fragilidade técnica do atual grupo.
Não tenho o poder de entrar no pensamento dos outros, mas o doutor Osorio deve, também, entender que desses que estão aí para a formação do grande time prometido, apenas Bento, Thiago Heleno, Gamarra, Fernandinho, Alex Santana, Zapelli e Canobbio podem ser soluções. Erick será, se deixar de ser influenciado para ir embora, e Christian se encostar o “chinelinho”.
Bem resumido, hoje o Athletico não teria 11 para formar um time razoável.