Athletico, Felipão e o “sexto sentido” de Petraglia
O senhor Luiz Felipe Scolari não foi, não é e nunca será o técnico dos meus sonhos. O seu histórico de conquistas tem como núcleo a eventualidade, que tem como fonte geradora o acaso.
As vitórias em torneios eliminatórios estão associadas à boa ordem tática e a qualidade individual, mas, também, à alienação de um ou outro fato necessário, embora imprevisto.
Ganhou e disputou títulos dotando o time muito mais de emoção do que de ensinamentos táticos ou criações imediatas para reverter um jogo. Só não precisou forçar o interior humano quando tinha Marcos, Cafu, Arce, Clebão, Zinho, Roberto Carlos, Alex, Rivaldo e outros craques do Palmeiras na época Parmalat.
Foi somente a marca do motivador que lhe deu uma sobrevida depois dos 7 a 1 no Mineirão. No Palmeiras, ganhando um título brasileiro, e agora, no Athletico, construindo um castelo de ilusões na Baixada que já começa a ruir.
Entrará para a história muito mais como uma grife do folclore do futebol do que como um professor como foi Telê Santana, Zagallo, Evaristo de Macedo e Claudio Coutinho.
Esse entendimento que tenho de Felipão não me obriga a filiar-me às críticas que lhe imputam responsabilidade direta pela eliminação do Athletico da Copa do Brasil.
Quem limita a análise à ordem defensiva do jogo trata do óbvio, esquecendo do essencial. Há uma parada voluntária no óbvio porque alcançando o essencial não tem como lembrar do “sexto sentido” do presidente Mario Celso Petraglia para contratar.
Quando Felipão chegou ao CT do Caju já estavam Abner, Hugo Moura, Erick, Vitor Bueno, Matheus Fernandes, Pablo, Babi, Dedé, Cirino, Canobbio e Cuello. Já formado um grupo, sem uma única revelação como consequência do péssimo gerenciamento das categorias de base.
Criticam Felipão para não lembrar que não se concordou com o contrato que Nikão pedia, porque era mais interessante gastar R$28 milhões em percentuais por Cuello e Canobbio. Na Baixada, o dinheiro tem que rodar. Perguntem a Felipão se ele deixaria o Athletico gastar 30 moedas por Cuello e Canobbio.
Critica-se a retranca de Felipão e lembram de Tiago Nunes, como se a memória humana fosse tão curta, assim. Os times de Tiago tinham laterais Jonathan, Madson e Renan Lodi; na zaga com Thiago Heleno, Léo Pereira; no meio Wellington, Lucho González e Bruno Guimarães, Raphael Veiga e um inteiro Léo Cittadini, e no ataque Rony e Marco Ruben.
Sempre o essencial é mais importante que o óbvio.