Athletico elimina o Athletico na Libertadores
A vida me ensinou que a esperança, às vezes, é perigosa. É que ela nos faz ver coisas no mundo que ainda são difíceis de alcançar a realidade.
Por algum momento, sentimo-nos enganados por essa esperança. Embora o futebol não seja a coisa mais importante, o fracasso provoca o sentimento de perda.
Passada a emoção, saímos à procura de uma razão que nos console. Pela obrigação de fidelidade, sempre a encontramos. Para a eliminação do Athletico da Libertadores, o consolo já estava no pacote de frustrações da noite de terça feira (8), na Baixada: o pênalti perdido por Thiago Heleno.
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Só que as coisas não deveriam ser encerradas com essa simplicidade. No caso do Athletico, em especial. De maior favorito nessas oitavas de final da Libertadores, foi excluído por um periférico Bolívar, cuja única virtude é a altitude de La Paz.
Eis a grande verdade: o pênalti perdido por Thiago Heleno é o menor dos problemas. Se adotado, deve sê-lo como o resumo objetivo da gestão do futebol: péssima. Rico de dinheiro, mas pobre de ideias no futebol, o Furacão só improvisa, operando um extraordinário contraste com a excelência da sua administração.
Os fatos são inflexíveis e provam essa verdade. Em janeiro, improvisou Paulo Turra e não se preocupou em atacar a sua deficiência notória na zaga. Uma análise mais coerente iria concluir que o tempo de Thiago Heleno, Pedro Henrique e Zé Ivaldo, no Athletico, já passou. E Zé Ivaldo, vejam só, jogando com pré-contrato assinado com o Cruzeiro.
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Saindo Felipão do comando do futebol, o caminho ficou livre para Alexandre Mattos, cuja conduta ética só é absorvida pela contratação de Vitor Roque. A relação de Mattos com Clebinho, o Fera, um personagem do caso das apostas, precisa ser melhor explicado.
Fui crítico de Felipão por ser ele intransigente em manter Turra. Mas não nego que a sua seriedade como profissional e honestidade como homem impunham respeito no CT do Caju e no vestiário.
E Mattos, com o caminho livre sem Felipão, improvisou Wesley Carvalho no comando técnico. Na janela, contratou Vidal para ser titular absoluto. Fernandinho anda jogando por ele e por Vidal. Ao invés de soluções imediatas, Mattos convenceu Petraglia a gastar R$25 milhões em Zapelli e Esquivel. Investiu-se no futuro, ignorando o presente, prova de que a preocupação é mais com o sucesso empresarial do que esportivo.
E Mario Celso Petraglia, tendo que se preocupar com a sua saúde e com o Acordo Tripartite para desonerar o patrimônio do clube, obriga-se a confiar em tudo e em todos.