Opinião

Athletico e Cuca começam a jogar à procura do tempo perdido

Por
Augusto Mafuz
08/03/2024 10:17 - Atualizado: 08/03/2024 14:49
Cuca.
Cuca. | Foto: Arquivo/Gazeta do Povo

Não são personagens saídos da letra de Marcel Proust, mas bem que poderiam. É que Athletico e Cuca, nos últimos tempos, andam desafiando as reações humanas.

O Furacão, porque tendo coisa mais importante para fazer (o patrimônio), apostou no acaso para ganhar títulos, perdendo o mais importante, a Libertadores da América; e Cuca, por acreditar que a passagem do tempo apaga tudo, demorou 35 anos para poder apresentar-se como inocente.

Contra o Londrina, pelo Estadual, do ano do Centenário, Athletico e Cuca encontram-se, e unidos, um agarrado ao outro por necessidade, começam a correr à procura do tempo perdido.

Dizem que a cultura do imediatismo técnico é um dos males do futebol brasileiro. Concordo, mas, às vezes, as coisas tomam um rumo tal que a solução que o problema reclama tem que ser imediata.

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Vejam só o caso do Athletico. Há um ano sem treinador regular, contratou às cegas o colombiano Juan Carlos Osorio. Não bateu 60 dias da sua chegada, obrigou-se a demiti-lo por incapacidade que poderia ser atestada em um simples diálogo precedente à contratação.

Às pressas, obrigado a contratar um treinador, não poderia escolher melhor. Precisando reverter a disputa estadual com o Londrina e encaminhar o time para torneios nacionais e internacionais, Cuca é um fato diferente que sai do padrão que o Furacão historicamente criou para treinador.

Será até estranho um treinador do padrão de Cuca, na Baixada, pelo Athletico. A torcida acostumada com o padrão Valentim, Turra e Osorio, deve estranhar.

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Entre as inúmeras virtudes que tem como técnico, a que mais admiro em Cuca é o impacto imediato que ele provoca nos jogadores. Com domínio amplo de vestiário e retórica simples, desperta o ânimo do jogador, faz-se compreender, o que tem como consequência a formação do time e a execução das suas ideias.

A outra virtude é adotar o conservadorismo moderno como filosofia de jogo. Sem variar por extremos, Cuca é objetivo. Sem praticar a extravagância de modelos táticos, acaba fazendo o futebol simples para ser jogado.

E Cuca tem à sua disposição jogadores com qualidade para, de imediato, fazer o Athetico jogar e ganhar. Não se trata de impor obrigação de ser assim, embora a ocasião reclame. Desconfio que Athletico e Cuca já sabem onde encontrar o tempo perdido. De repente, encontram logo, logo.

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