Athletico e a volta da felicidade para a Baixada
Minha geração, que ainda era criança em 1958, ainda tem na memória a narração de Edson Leite, na Rádio Bandeirantes, o que ingleses consagraram como “os maiores três minutos do futebol”.
Foram os do Brasil contra a União Soviética, na Copa do Mundo na Suécia, que a letra imortal de Ruy Castro escreve assim:
“A partida começou, e Garrincha driblou Kuznetsov. Em seguida, driblou Kuznetsov de novo. E de novo, e de novo, e de novo. Garrincha driblou outros defensores soviéticos também, mas naquele dia, driblou especialmente Kuznetsov.
E apenas nos primeiros 38 segundos (sim, segundos), driblou Kuznetsov várias vezes. Eventualmente, cansou de driblar Kuznetsov e encheu o pé na trave de Yashin. Dezessete segundos depois, Pelé acertou o travessão. O Brasil ficou em cima da União Soviética até Didi achar o passe para Vavá marcar, aos três minutos. Os maiores três minutos da história do futebol”.
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A vitória do Athletico sobre o Corinthians por 1 a 0, na Baixada, em qualquer circunstância seria importante. No entanto, não teria a mesma relevância não fosse um fato: a vitória baseada na supremacia da técnica e do jogo ordenado.
Com minha letra de mortal, disserto.
A partida começou, e o Athletico de Wesley Carvalho, sem as memórias do futebol de anomalias dos chutões e da retranca, amassou o Corinthians.
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Com um jogo objetivo, alegre, veloz, de passagens temporais da bola e do jogador, pelos lados e pelo meio, mostrou que não queria só ganhar. Querendo ir além, jogou para ganhar e ser feliz, recuperando a sua essência perdida.
Na Baixada, a partida começou, e aos 3 minutos Canobbio ofereceu a bola para Vitor Bueno, que vindo de trás chutou-a na trave esquerda.
A partida avançou, e aos 5 minutos, Erick de “chaleira” obrigou Cássio a praticar o primeiro dos seus milagres; e aos 35 minutos, Erick, dando um exemplo de como se faz uma inversão de jogo (da esquerda para a direita), fez a bola chegar à cabeça de Khellven, que a jogou a Vitor Roque ,que bateu para o gol e faz o 1 a 0.
E, ainda, aos 46 minutos, a bola cabeceada por Vitor Roque só não entrou pela versão eletrônica do VAR. Pela versão humana do árbitro seria o segundo gol.
Na etapa final, Wesley Carvalho provou de que é possível manter a vitória sem precisar deformar a proposta de origem. O Athletico recuou não para se defender, mas para atrair o Corinthians. E o fez com excelência, pois não só não sofreu nenhum risco, como obrigou Cássio a praticar mais dois milagres, em jogadas de Christian e Terans.
No fim do jogo, a inversão de identidades: “Timão” foi o Athletico.