Quando o Athletico voltará a ganhar o Brasileirão? Vaga na Libertadores é pouco
Todo ano, quando já estão descartados todos os números para disputar o título do Brasileirão, me pergunto: se o Athletico não tivesse ganho o campeonato de 2001, teria sido campeão brasileiro em outro momento?
Para responder, é preciso lembrar que, logo depois, em 2004, a falta de comando de Mario Celso Petraglia e Culpi não interviu para que aquele time de Diego (só de lembrá-lo, tremo), Fernandinho, Jadson, Dagoberto, Dênis Marques e o vaidoso Washington "Coração Valente" não "amarelasse" diante daquele mundo improvável que era sair da rabeira para ser o favorito ao bi.
Bem por isso, lamento revelar o meu sentimento de que o Athletico não teria, ainda, sido campeão brasileiro. Por ser dono exclusivo do destino do Furacão, Petraglia sempre entendeu (e, continua entendendo), de que os títulos não devem ser ganhos pelo custo do dinheiro, mas, como consequência da estrutura e da execução de projetos, no que entendo estar certo. As conquistas da Sul-Americana e da Copa do Brasil foram resultados desse método adotado pelo Furacão, sem dúvida.
O campeonato brasileiro é que é a minha questão: se o Furacão tem a maior e melhor estrutura do futebol brasileiro, por que o seu alcance máximo é uma vaga na Libertadores, ainda, assim, por exclusão dos campeões de Libertadores e Copa do Brasil? O que falta?
Há um velho discurso de Petraglia que a torcida absorveu, de que a Globo dá muito dinheiro para alguns, e pouco para outros. Embora seja objetiva a injustiça da distribuição do dinheiro de televisão, hoje já não serve mais como motivo absoluto para o Furacão justificar o desequilíbrio técnico.
Somando o que ganha da Globo (TV aberta) e da TNT (TV fechada), não ganha menos do que Internacional, Grêmio, Atlético-MG e Santos, e chega próximo de São Paulo e Palmeiras. Tanto é que há esse equilíbrio, que Petraglia prefere usar o Athletico para fazer prevalecer o seu ponto de vista pessoal, litigando contra o sistema.
Entendo que falta continuidade na execução dos projetos do futebol. Quando tudo vai bem, sempre há um incidente que estrangula a linha de ascensão definitiva, como ocorreu com a saída de Tiago Nunes, e com a concentração de poder de Paulo André.
Não há outra explicação para essa surpreendente reação do Furacão no Brasileirão, que caindo pelas tabelas, passou a ganhar e hoje disputa uma vaga para a Libertadores. Para isso, bastou ter uma autoridade de futebol, da vida e de caráter como Paulo Autuori, para provocar, outra vez, os benefícios da estrutura que o clube tem.
É fato sem controvérsia que jogadores do nível de Canesin, Aguillar, Carlos Eduardo, Abner, Richard, Ravanelli, Alvarado e Geuvânio não teriam nenhuma vida em um clube sem estrutura.
É uma lição definitiva para Petraglia, de que o futebol como esporte é um jogo tão complexo, que a capacidade do profissional de campo é tão ou mais importante que o dinheiro.
O Athletico joga em Salvador contra o desesperado Bahia. Joga pelo seu limite máximo: uma vaga na Libertadores, o que já é muito pouco para a estrutura e o dinheiro que tem.