Para o vô Fábio, leitor e expressão pura de amor ao Athletico, um texto do Mafuz
Ainda sob os efeitos dos gols de Nikão, das defesas de Santos e da vitória apoteótica do Furacão, no Maracanã, sobre o Flamengo, 3x0, sou provocado por uma mensagem.
Nela, há um senhor em frente à televisão. Em campo, o seu Furacão joga a semifinal da Copa do Brasil. Presumo por seus cabelos brancos, que é daqueles que adota a solidão como um ato voluntário para guardar e externar os sentimentos atleticanos só para si. É o amor pelo Athletico em estado puro.
Mais tarde fico sabendo que a imagem é de um senhor de nome Fábio, que aos 92 anos continua tendo o Athletico como um valor de vida. "E o véio lê todo dia no computador as colunas do Mafuz pra saber do Athletico haha", diz o neto, Gustavo Castro, no Twitter.
O leitor já deve ter concluído que não conheço o vô Fábio. É melhor assim. Esse sentimento desconhecido quando nos alcança deixa o nosso mundo mais feliz. Para mim, foi como se Nikão fizesse o quarto gol no Maracanã.
Esse é o Furacão.
Um jogo do Athletico não é um jogo qualquer. Quando nele ocorre uma vitória mística como essa contra o Flamengo, se eterniza. É que por ser do tamanho do mundo, a alma atleticana tem uma reserva inesgotável para receber as mais diversas versões da história, para mais tarde transformá-la em uma versão única, mas sob a forma de lenda.
Como seria a história contada pelo senhor Fábio, que nasceu quando o Athletico ainda não havia saído do berço? Como seria a versão de quem já poderia ter acalmado o seu amor dos tempos de Caju, testemunha presencial, na Baixada, do nascimento do Furacão de Neno, Viana, Rui, Jackson e Cireno, capitaneado por Nilo Biazzetto, em 1949?
A célebre frase do técnico escocês Bill Shankly, do livro "Por amor ao jogo", gravada em sua estátua no Estádio Anfield, em Liverpool, reescrita pela alma atleticana, diria, substituindo "futebol" por "Athletico":
"Algumas pessoas acreditam que o Athletico é questão de vida ou morte. Fico muito decepcionado com essa atitude. Eu posso assegurar que o Athletico é muito mais importante."
Augusto Mafuz é um dos comentaristas esportivos mais tradicionais de Curitiba, conhecido por sua cobertura do Athletico e outros times da capital. Nascido em Guarapuava em 11 de maio de 1949, Mafuz tem sido uma figura central no j...
