Arbitragem contra o Furacão. E o time?
Pensador do futebol, assim falou Paulo Autuori, diretor técnico do Athletico: "A interpretação é uma grande bengala da arbitragem”.
O pensamento foi afirmado em causa própria: contra o São Paulo e, em especial, contra o Corinthians, o Furacão foi vítima da interpretação da arbitragem de campo e do VAR.
Embora tenha como causa o prejuízo específico do seu clube, Paulo Autuori ataca o instrumento usado para a realização de interesses, que no Brasil não se conciliam com o espírito das regras de arbitragem.
A interpretação das regras tem que ser restritiva, isto é, de acordo com o que está escrito no seu texto. Quando a regra dá amplos poderes ao árbitro não está pretendendo lhe dar o direito de abuso através da interpretação.
Mas, como no futebol brasileiro há “sopradores de apito”, na expressão consagrada de Juca Kfouri, a regra de arbitragem é interpretada além do que o seu espírito e, às vezes, até o seu texto, dispõem. E, é assim, não por falta de capacidade, mas para atender interesses isolados.
Brilhante o pensamento de Autuori.
Esse é um fato.
Tratando-se de Athletico, há um outro fator que não pode ser desconsiderado. Talvez, mais grave que o prejuízo que a arbitragem causou ao Furacão é o futebol que o time vem jogando.
Os erros do apito foram nos dois últimos jogos. No entanto, antes desses precedentes, dos 45 pontos disputados sob o comando de Alberto Valentim, o Athletico ganhou apenas 12. E o clube não reclamou do árbitro.
É preciso que Autuori não torne mais relevante os erros de arbitragem do que o péssimo futebol que o Athletico vem jogando. Até agora, jogadores, Autuori e Valentim só criticaram a arbitragem. Se não tiverem a consciência que concorre com ela a desordem do time, é possível que o Athletico volte a sofrer contra o Cuiabá em um jogo em que, necessariamente, precisa ganhar.