A paciência da torcida no Brasil tem preço?
Adotado como uma espécie de Moisés que levou o povo à terra prometida, Ronaldo Fenômeno está sendo festejado pela torcida pelo retorno do Cruzeiro ao Brasileirão.
Por enquanto, tudo é festa. Mas, a partir de janeiro de 2023, o Cruzeiro será o que Ronaldo quer como investidor ou como torcedor? O americano John Textor já anda desconfortável com as exigências da torcida do Botafogo. Não demora muito, os americanos que compraram o Vasco terão que se submeter às exigências populares.
Já escrevi que não sou contra a Sociedade Anônima de Futebol. Sou contra a supremacia dos interesses do investidor sobre os interesses do clube, modelo que está sendo adotado no futebol brasileiro. As conquistas em campo são pouco relevantes, desde que o lucro do investimento seja imediato e mais do que razoável.
Pelas restrições, que são e continuarão a ser impostas por investidores para que o seu lucro tenha prevalência, Cruzeiro, Vasco e Botafogo só a longo prazo podem voltar a ganhar título de expressão.
Veja só, não obstante o seu histórico de conquistas recentes e a sua condição de finalista da Libertadores, o Athletico foi constrangido com uma vaia sonora (injusta, aliás), depois do empate com o Cuiabá.
Faltou um elemento na nova lei: a obrigação do investir e “comprar” a paciência da torcida, que no Brasil, às vezes, não tem preço.