A bola não é ingênua. Fernando Diniz é campeão da Libertadores
O Fluminense é campeão da Libertadores. No Maracanã e na prorrogação, com um gol desse menino que vem honrando um dos maiores símbolos do mundo democrático, John Kennedy, ganhou do Boca Juniors, 2 a 1.
O Fluminense, em si, foi um mero detalhe. Foi ele por coincidência. Mas, poderia ter sido qualquer outro brasileiro, desde que executasse o roteiro que há tempo faz bem para os olhos criado por Fernando Diniz.
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A vitória do treinador poderia ser um marco para resgatar a essência do futebol brasileiro. Desprezando o jogo defensivo e picado por faltas, à espera da bola única para o gol, Diniz transporta para os brasileiros, através do Fluminense um realismo mágico que transforma o futebol em uma arte.
A grandeza de Diniz não deve ser declarada pela conquista dessa Libertadores. Há que se dissociar a grandeza da vitória com a grandeza do homem. Essa já tinha sido exteriorizada nas derrotas.
É que nem mesmo acumulando-as – Athletico, Fluminense, São Paulo e Santos – renunciou a teoria dos espaços para concentrar jogadores no setor em que está a bola. Seguindo Guardiola, o melhor aluno da escola holandesa em que Cruyff foi bedel, aluno, professor e mestre, Diniz agora deve ser compreendido porque uma bola nos pés do goleiro é melhor do que um chutão.
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Esse jogo pode, às vezes, parecer idealista e suburbano, mas é a forma que encontrou para devolver o futebol, na ausência de grandes estrelas (craques), ao estágio de arte.
Torci por Diniz, o leitor já concluiu. Manifestei esse sentimento ao amigo comum, Carlos Werner, porque uma derrota iria deixar marcas impagáveis, bem mais fortes do que a vitória irá deixar.