Paraná, o “clube do futuro” que ficou preso para sempre no próprio passado
Um sujeito que tivesse passado os últimos 25 anos hibernando e acordasse hoje de repente na sede social da Kennedy não teria dúvidas: a década ainda é 1990. O Paraná é como um melancólico túnel do tempo para o passado.
Um passado do qual o próprio Tricolor, como se fosse vítima de uma maldição, parece incapaz de se desgarrar, enquanto no presente vira, dia após dia, uma máquina de produzir vexames, o mais recente deles na eliminação para o Cianorte, na Copa do Brasil.
O problema é que, em busca de esperança, o Paraná se volta às migalhas de ilusão que ainda sobraram daquela década distante. O Tricolor anseia pelo retorno às glórias de um tempo que não volta mais, nem nunca voltará. Tempos de "clube do futuro". Bem, o futuro chegou. E é desesperador.
O presidente interino, Sérgio Molletta, é apenas um tampão até a próxima eleição, com o mandato temporário resumido, até agora, a pedir apoio à já exasperada torcida e clamar pelo milagre de algum empresário endinheirado para salvar o ano.
Como explicar o novo cargo do veterano Luiz Carlos Casagrande à frente do dinâmico departamento de marketing? Poderia um tsunami devastar o Paraná que, após o retrocesso da onda de destruição, ali ainda estaria Casinha, sozinho, cabelos molhados, pronto para assumir uma nova função, qualquer função.
E o retorno do ex-presidente Ocimar Bolicenho, responsável por contratar, lá em 1995, o badalado e caríssimo Vanderlei Luxembugo? A chegada de Luxa é um símbolo da época de bonança e falta de planejamento, que precedeu a derrocada e a atual miséria financeira.
A presença do veterano cartola no futebol paranista pode ser benéfica, é claro. O clube é um barco à deriva e Bolicenho tem experiência de comando.
Mas não deixa de
ser curioso, novamente, que a solução buscada para a construção de um futuro
resida no passado. Fato é que a década de 90 foi repleta de títulos, mas também
de irresponsabilidade financeira. Falta de projetos. Falta de visão. E nada
mudou de lá pra cá.
Resta, então, ao torcedor, a esperança de que o trio formado por Maurílio, Ageu e Saulo, ídolos forjados nos anos 90, consiga transformar um amontoado de jogadores inexpressivos em algo que minimamente lembre seus próprios dias em campo com a camisa tricolor.