Manobra arriscada

O torcedor atleticano, em especial o sócio, provou em 2012 que realmente não abandona o time. Seja em Ponta Grossa, Paranaguá, na Vila Capanema ou no Ecoestádio, sempre esteve lá apoiando, apesar da ausência da Arena da Baixada. Não é preciso lembrar tudo o que precisou enfrentar nesta temporada, sem casa e ainda na Série B. A diretoria pediu e o rubro-negro seguiu em toda parte. Fez a parte dele.

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Agora a direção do clube quer mais. Quer que o sócio escolha o time que deseja ver em campo depois da reinauguração da Arena, prevista para agosto de 2013. Essa escolha é com base no preço da mensalidade que o sócio acha justo pagar para ver o Furacão. A lógica é simples: me dá o que você tem, que eu devolvo na mesma moeda. Simples, porém cheia de armadilhas.

É sábido que a distância financeira entre os clubes paranaenses e os do eixo Rio-São Paulo é enorme, ninguém nega. Mas daí a jogar a responsabilidade sobre os sócios é um pouco demais. Ainda mais sobre quem, mesmo sem estádio, continuou pagando religiosamente a mensalidade para garantir um lugar no estádio novo. Alguns aliás, sequer conseguiram ver o Atlético in loco neste ano. De acordo com o site oficial do clube, pouco mais de 14 mil permanecem fiéis.

Mas voltando à lógica atleticana. Se o sócio achar que a mensalidade deve ser mantida nos atuais R$ 70, imaginamos que o time será o mesmo deste ano, ou seja, um time para disputar a Série B. Um valor superior vai aumentando as esperanças do torcedor de ter uma equipe mais competitiva. Menos do que os R$ 70, fora de cogitação, é claro.

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Mas afinal, qual é o valor que a diretoria imagina ser suficiente para montar elencos capazes de brigar por títulos nacionais e internacionais? Ela também deveria se posicionar.

É louvável ouvir o sócio. Iniciativa interessante, mas como disse lá no início, também perigosa. Isso porque o associado pode, e realmente é factível, jogar o valor da mensalidade lá para cima. Ou seja, o departamento de futebol vai ter que se mexer ferozmente para dar uma resposta à altura. Mais que isso. Como diz o técnico Ricardo Drubscky, a margem de manobra vai para o espaço.

O que hoje aproxima o sócio do clube pode afastá-lo. Ora, se o associado faz a parte dele, a diretoria vai precisar entregar um produto confiável. Imaginemos que as 45 mil cadeiras da Arena sejam vendidas a um preço superior ao atual. Não dá para imaginar menos do que um time repleto de craques e que seja campeão de tudo o que participar. Se o resultado em campo bater na trave, o elo torcida-diretoria vai para o espaço.

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É um risco assumido pela direção do Atlético. E também, obviamente, uma justificativa antecipada para mais fracassos, como os que vêm acontecendo nos últimos anos. A renda advinda de planos de sócios pode ser gigantesca, mas o clube não pode fechar os olhos para outros caminhos. Nesse aspecto, inclusive, está de olhos bem abertos. Conquistou um baita patrocínio mesmo estando na Segunda Divisão e já vislumbra receber muito dinheiro com a exploração da Arena, por meio da parceria com a AEG.

De qualquer forma, o sócio tem participação grande na vida do clube. E deve continuar assim. Só não pode ser o único responsável. Ele é menor responsável. É ele quem apoia, segue e cobra. Cobra muito e esse é o papel dele. A responsabilidade de montar times competitivos, porém, é da diretoria. Com maior ou menor respaldo do torcedor.

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