Loucura total

Decisão, seja de qual esporte for, tende a opor adversários qualificados. Há exceções aqui e ali, mas via de regra quem chega até o último degrau na busca por um título ou uma medalha de ouro tem alguma virtude para apresentar. Isso significa que, na hora da decisão, quem fizer mais jus a suas credenciais leva o caneco para casa, sobe mais alto no pódio, tem o direito de estourar o champanhe. Esse deveria ser o cenário da série derradeira da NBA, a liga norte-americana de basquete, mas San Antonio Spurs e Miami Heat, forças semelhantes, não têm conseguido manter uma regularidade. A final tem sido um sobe e desce incrível de ambos.

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Na noite desta quinta-feira, o Miami Heat, atual campeão, teve até mesmo facilidade para quebrar o mando de quadra do rival, retribuindo a gentileza do confronto de abertura da série. Venceu por 109 a 93 dentro do AT&T Center. Claro que há muito mérito no triunfo dos visitantes, só que o rendimento abaixo da crítica do Spurs (de novo) facilitou a vida de LeBron James (32 pts), Dwyane Wade (33) e Chris Bosh (20). Com 85 pontos, o trio arruinou os planos dos donos da casa, empatando a disputa em 2 a 2 e garantindo pelo menos mais uma batalha na American Airlines Arena.

O equilíbrio das duas equipes desapareceu nessa partida de número 4 por causa da excessiva quantidade de erros dos texanos. Foram 19 bolas desperdiçadas de maneira infantil, contra 9 dos oponentes. Negligência, principalmente nos passes, que custou a derrota. Miami, por outro lado, esteve impecável, sabendo aproveitar a oportunidade dada pelo inimigo.

A irregularidade na série final começou logo na estreia. Em casa, o Miami Heat, considerado favorito ao troféu, perdeu por 92 a 88, deixando cabreira a torcida. Na temporada regular, o Heat havia vencido o mesmo adversário nas duas vezes em que se enfrentaram. Desta vez, no chamado “pegapracapá”, LeBron James havia deixado a quadra criticado pela omissão nos momentos cruciais da peleja. Além disso, o revés doméstico obrigava o time a se recuperar no duelo seguinte e ainda vencer longe de seu território para não ficar com o vice-campeonato, pois então San Antonio teria três partidas seguidas como mandante para se agarrar ao título.

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No segundo jogo, Miami fez o dever de casa. O resultado de 103 a 84 deu a entender que o susto tinha feito o Heat acordar de vez, enquanto o Spurs produziu muito pouco para quem tinha dado um vareio de bola dias antes. Pois bem, veio então o terceiro embate, o primeiro na casa de San Antonio. Quando se esperava o voo alto dos visitantes, a trupe liderada por Tim Duncan ressurgiu, atropelando por 113 a 77. Os alvinegros pegaram 52 rebotes (36 pra Miami). Domínio inesperado; favoritos irreconhecíveis em quadra; loucura total.

Na quarta vez em que se engalfinharam na decisão, Spurs e Heat voltaram a não ter um resultado digno das expectativas de equilíbrio. Culpa, como já foi dito, dos erros em profusão, de um lado; e da gana de dar o troco, do outro. Mas também pendeu aí o desempenho individual. Se o trio mágico de Miami jogou muita bola, no Spurs apenas Duncan brilhou, com 20 pontos. O argentino Manu Ginóbili, veterano importante, deixou a desejar, assim como o francês Tony Parker, autor de 15 pontos. Cenário construído pela falta de tranquilidade dos anfitriões para lidar com a intensidade (leia-se também agressividade) dos visitantes.

O que esperar do jogo 5, pela última vez no Texas? Pela lógica, o Spurs retoma a liderança da série. Difícil a equipe repetir um fiasco como o desta quinta-feira. Até porque, se perder no domingo, às 21 horas, encerra o sonho do título – duvido que Miami perca mais uma em casa; duas, então, impossível, mesmo no meio de tanta anarquia.

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Técnico
No meio das notícias da final da NBA, eis que outra novidade bem-vinda surge na liga norte-americana de basquete. Jason Kidd, armador recém-aposentado no New York Knicks, já engrenou uma carreira igualmente promissora. Vai ser o técnico da outra equipe nova-iorquina, o Brooklyn Nets. Ele foi um dos jogadores mais inteligentes da competição, da qual participou por 19 anos, sendo o segundo melhor da história em número de assistências12.091, atrás apenas de John Stockton, 15.806. Tem tudo para ser uma grande aquisição do Nets.

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