Craques do Coxa precisam por seu talento a serviço do time

Antônio Costa / Gazeta do Povo
Márcio Gabriel: rápido e corajoso, sentiu falta de um companheiro para tabelar.

Não foi o começo de centenário que se esperava do Coritiba. Nem pelo resultado, um deprimente 0 a 0 contra o Iraty, nem pela atuação da equipe.

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A estreia deixou bem claro qual será o grande desafio de Ivo Wortmann: fazer com que os jogadores diferenciados que ele tem no elenco usem esse talento a serviço do time e entendam que eles precisam ajudar a marcar quando a bola está com adversário.

Marlos, Carlinhos Paraíba e Dinélson (os diferenciados) não fizeram nem uma coisa nem outra. Erraram dribles, passes, finalizações, não apareceram quando era necessário e simplesmente paravam no ataque quando o Iraty avançava – nem uma sombrinha no meio. Pareciam divas, esperando que o restante do time fizesse todo o trabalho sujo enquanto eles se dedicariam apenas aos seus solos abençoados.

Os três poderiam ter decidido o jogo no segundo tempo. Com o trio e Ariel, o Coritiba poderia: 1) Ter trocas de passe em velocidade pelos lados entre Marlos-Vicente e Dinélson-Márcio Gabriel e cruzamentos na área para Ariel; 2) Dado liberdade para Marlos e Dinélson se deslocarem da ponta para o meio em velocidade, usando Ariel como pivô para entrar na área e finalizar.

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Nada disso aconteceu. Porque Carlinhos Paraíba, que deveria distribuir a bola para os lados do campo, se escondeu no meio da marcação. Porque Dinélson e Marlos escolheram um lado do campo cada e de lá quase não saíram.

Como alento, os operários foram bem. Cleiton repetiu a segurança do amistoso. Felipe idem.

Márcio Gabriel é muito veloz, impetuoso – se Dinélson estivesse afim de tabelar, teria feito um estrago no segundo tempo.

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Mancha chega com autoridade na bola, impõe o respeito que se espera de um zagueiro.

Leandro Donizete é dois não só no nome, mas também no fôlego. Prestem atenção no estádio, é só contar, o Coxa joga com 12. O Leandro corre para um lado, o Donizete vai para o outro, e os dois marcam muito.

Douglas Silva também jogou muita bola. Fez um lançamento da linha central, perto da mesa do representante, para a ponta direita, lá perto do fosso, que foi sacanagem.

Vanderlei evitou uma tragédia maior logo no primeiro minuto.

Enfim, a turma carregou o piano como nunca. Pena que os solistas não compareceram ao concerto.

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O Coritiba reclamou de dois pênaltis. O primeiro, em Ariel, tive a impressão no momento lance, com a câmera de cima, que não foi. Eu não daria. Mas posso ser desmentido pelo replay de trás do gol.

No outro, Márcio Gabriel levou o rapa do zagueiro do Iraty. Mas antes havia dominado a bola com a mão.

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Por que será que quando o Ariel acertou (sem querer) a retaguarda do Edson Borges, beque do Iraty, a primeira lembrança que me veio foi o grande Dalborga, coxa-branca fanático, batendo na mesa e gritando: “Tem que quebrar o rabo dele!”.

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O Coxa, claro, não jogou contra o vento. O time do Iraty é bom. Rogério e Edson Borges são ótimos por cima. Nascimento, Almeida, Diogo e João Paulo formaram uma linha que não dava espaço ao Coxa para criar e entregava a bola com qualidade os atacantes. Airton apoia bem pela direita. Vander deu trabalho no ataque, caindo pelos lados.

Mérito do Lio, que preparou o time na pré-temporada. Se o Paulo Campos mantiver esse trabalho, o Azulão estará no cotogonal.

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