Como ajudar o apito do PR?

Cesar Machado/Vale Press
Os árbitros do Estadual durante a pré-temporada em Cascavel

É compreensível a revolta da torcida do Londrina. O clube, em um único jogo, foi vítima da interpretação da arbitragem sobre a existência ou não de pênaltis. Para o desespero do Tubarão, a análise do apitador — em conformidade com a mais subjetiva regra do futebol: mão na bola/bola na mão — foi contrária à equipe do interior. Sem babaquices, criação de teorias, análises apaixonadas, visão conspiratórias, foi isso que ocorreu. Ponto.

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Não vale entrar novamente no mérito da discussão. Teria gosto de café requentado, sem trocadilho infame.

Do episódio ficaram lições, mas destacam-se três.

1) Não se pode infantilizar a discussão. O problema da arbitragem é global. Ver algum complô é tratar o debate com um maniqueísmo ridículo. Se os lances fossem marcados, alguns diriam: ‘Roubo. Só pode ser esquema dos patrocinadores do campeonato para garantir uma final após o returno’. Sabe-se, através de vários estudos, que os árbitros tendem para os clubes de maior representação e para o time da casa. É uma ação espontânea do apitador — análise até em tese acadêmica. Para atenuar esse ‘ato reflexo’ precisa profissionalizar o setor, eliminar, por exemplo, que o trio de arbitragem receba — do mandante — seu cachê. Quanto mais independente o mediador, maiores as garantias de imparcialidade.

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2) Nem mesmo o replay alterou convicções. Pouca gente mudou de opinião vendo os lances inúmeras vezes na televisão. Isso só reforça a tese que não será o videoteipe, o avanço tecnológico desejado, a eliminar erros de arbitragem. As dúvidas vão persistir. Aliás, sobretudo na questão mais interpretativa. Ou seja: ajuda, mas não resolve.

3) A análise sobre Afonso Vitor de Oliveira na presidência da comissão de arbitragem precisa passar pela sua capacidade como gestor, um formador de novos mediadores, escudo para blindar os seus comandados, competência a exercer cargo tão complexo. Qualquer chefe do apito, por conviver com tantas suspeitas, precisa ter pânico de fraudes. E agir sem vacilar. Se ele reprovar nestes pontos, torna-se — a cada rodada — um mero divulgador de escalas. Neste caso, melhor ocupar outro cargo na comissão ou puxar o carro.

Não há motivo definitivo para duvidar da sua boa-fé — pelo contrário, afinal limpou em 2006 a FPF dos chamados bruxos, estelinatários que arrumavam resultados no estado. Mas é possível que haja senões sobre sua capacidade para gerir recursos humanos.

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