A taça do titã LeBron

Mike Segar/ Reuters
LeBron James durante o sétimo e decisivo jogo da decisão da NBA: campeão de novo.

O Miami Heat é bicampeão da NBA por causa de LeBron James. Não à toa, no triunfo por 95 a 88 que assegurou o 4 a 3 na série decisiva contra o San Antonio Spurs, ele se tornou o terceiro atleta da história da liga norte-americana de basquete a ser eleito o melhor jogador da temporada regular e das finais em dois anos consecutivos. Uniu-se a mitos sagrados da competição: Bill Russell, gigante do Boston Celtics dos anos 50/60, e Michael Jordan, o incrível astro do Chicago Bulls dos anos 80/90.

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O camisa 6 da Flórida, claro, não foi perfeito. Esse detalhe, prova irrefutável de que LeBron é humano, foi o que deu ao Spurs, mestre no jogo cadenciado e de muita paciência, a chance de aprontar para cima do favorito ao título. Até porque faltou apoio de retaguarda ao Miami, não houve ninguém regular o suficiente para servir de apoio nos momento de baixa do astro. Na sexta partida, terça-feira passada, a façanha de San Antonio quase se concretizou. O sonho de ser campeão como franco-atirador, fora de casa, esvaeceu nos 25 segundos finais do tempo normal. Veio o empate e a virada do oponente na prorrogação. Tudo com um equilíbrio que ainda não havia sido visto na série decisiva.

Esse equilíbrio se repetiu na noite desta quinta-feira. LeBron ganhou uma ajuda sempre bem-vinda, mas com a qual nem sempre pode contar. Dwyane Wade e Shane Battier foram os coadjuvantes de gala. Assim, encorpados, bateram de frente com o monstro Tim Duncan e seus escudeiros da vez, o promissor Kawhi Leonard e o veterano argentino Manu Ginóbili. A briga (esportiva e não física como nos protestos Brasil afora) seguiu parelha novamente até os segundos finais, quando Duncan e Ginóbili cometeram erros cruciais na corrida pela liderança do placar.

LeBron anotou 37 pontos e pegou 12 rebotes. Foi soberano. Sua importância na série fica evidenciada pelos números. Nas quatro vitórias sobre o Spurs, ele teve média de 29,8 pontos. Arremessou quase 23 bolas por partida, acertando metade. As derrotas, entretanto, vieram quando ele não conseguiu deslanchar – e, novamente reforço, ninguém teve competência para minimamente compensar essa queda de produção. Nos três reveses, marcou 19,3 pontos e arriscou menos tiros à cesta: 20 por duelo, atingindo o alvo apenas em 7 oportunidades – em média.

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Nos playoffs como um todo, o camisa 6 do Miami jogou 23 partidas, tendo as seguintes médias: 25,9 pontos, 6,6 assistências e 8,4 rebotes. Manteve aproveitamento de quase 50% em toda a trajetória dos mata-matas. Se até a decisão da temporada passada ele carregava a fama de amarelão, por pipocar quando tinha a obrigação de brilhar, agora ele provou de vez que sabe como carregar a responsabilidade de liderar seu time. E praticamente sozinho.

Se por um lado o Miami Heat contou com um titã para subir ao alto do pódio, do outro o Spurs precisou também de um gigante para não ser esfacelado. Papel executado à perfeição por Tim Duncan, um “tiozinho” de 37 anos que coloca muita gurizada no bolso nas quadras da NBA. O pivô, todavia, apareceu de modo diferente em seu time. Foi quando a coisa estava feia, com os companheiros desaparecidos em ação, que ele tentou se impôr, fazer a diferença com a experiência. Anotou 20,8 pontos em média nas derrotas para o Heat e apenas 16,3 pontos nas vitórias – nesses momentos de alta do resto da equipe, sua função primordial era ajudar na marcação e pegar rebote, o que fez em 13,3 oportunidades por jogo. Nas derrotas, partindo para o ataque, viu esse papel no garrafão cair para 11,3 rebotes por duelo.

Sua imagem de decepção ao errar uma bandeja simples nos instantes finais da partida, inconsolável ainda por muito tempo depois do lance, foi a nota triste da decisão. Uma pena. Tanto que LeBron James e Dwyane Wade fizeram questão de cumprimentá-lo depois de selado o resultado do jogo. Um respeito que ele fez por merecer. Se a taça poderia dormir hoje em outras mãos, é muito por culpa dele.

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“LeBron é inacreditável. Nós simplesmente não conseguimos achar um jeito de pará-lo”, definiu Duncan, com o semblante tristonho, após a derrota. Vale lembrar que além do atual bicampeonato o Miami venceu a liga em 2006. Já o Spurs nunca havia fracassado em uma decisão, levantando o caneco em 1999, 2003, 2005 e 2007.

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