A dupla Atletiba e os tubarões do C13


O blog Olhar Crônico Esportivo traz em detalhes a divisão do dinheiro da tevê para o novo contrato de exibição do Campeonato Brasileiro, no valor de 300 milhões de reais, cuja partilha é definida pelos clubes.

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Demorei a achar o nome da dupla Atletiba, perdida lá pelo meio da tabela, quase no fim. E por pouco não caí da poltrona ao ver a merreca destinada aos dois. Tentei encontrar uma palavra fiel ao que senti quando vi o valor, mas, como a maioria delas poderia ofender alguns dos fieis blogueiros, fico com essa: ânsia.

Dá nojo ver o tamanho do abismo que os fundadores do C13 estabeleceram entre eles e os mortais, nossa dupla incluída. E tudo com “fundamentação científica”. Afinal, eles contrataram Ibope e Datafolha para auferir quais torcidas mais compram os pacotes do pague-pra-ver. Pegaram os dois números, tiraram uma média ponderada e nos enfiaram às cegas – com cerol, para aumentar o sofrimento.

O Flamengo, historicamente apoiado por dinheiro público (agora não só no futebol, também na ginástica), receberá 36 milhões. Corinthians, São Paulo e Palmeiras estão logo atrás, recebendo entre 30 e 31 milhões.

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O Vasco, debutando na hostil Segundona, receberá um empurrãozinho de 17 milhões. Se ainda estivesse na primeira, seriam 27.

E tem mais. Gaúchos e mineiros flutuam entre 21 e 23 milhões, valor para o qual acreditava-se que a nossa dupla subiria com o novo contrato. Botafogo e Fluminense também estão nessa faixa.

Aí, vem o abismo. Uma diferença de 8 milhões de reais até alcançar Atlético e Coritiba. Por causa da pesquisa do pague-pra-ver, o Furacão receberá 12,9 milhões, 300 mil a mais que o Coxa. Junto com o time do Alto da Glória estão Goiás, Sport e Vitória. Cinco clubes que, aos olhos dos mais poderosos, são os primos pobres do Clube dos 13.

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Claro, 12 milhões não é um dinheiro desprezível. Mas parece troco de pinga perto dos 36 milhões do Flamengo (o triplo). Se o clube carioca fosse minimamente organizado, faria estrago contra os nossos sempre. Como não é, ainda conseguimos competir no 11 contra 11.

Ainda assim, essa desigualdade já começa a refletir na classificação do Brasileiro. Em 2007, o Atlético, com um modestíssimo 12º lugar, foi o time fora do eixão e do eixinho melhor classificado. Ano passado a coisa melhorou um pouco, com o Goiás em oitavo, o Coxa em nono e o Vitória em décimo.

E, infelizmente, a tendência é ir disso para pior se os clubes não se posicionarem. O Coritiba chegou a apresentar uma proposta diferente no C13, determinando que um percentual da verba fosse rateado por critério técnico. Acabou atropelado pela cartolagem, com o São Paulo, sempre adulado como clube modelo e moderno, à frente do pelotão de execução.

Encontrar formas de encurtar esse abismo é uma das finalidades da recente aproximação de Coritiba e Atlético. Não só na inglória batalha para mudar a cabeça dos donos do C13, mas em outras frentes.

É hora de os departamentos de marketing arregaçarem as mangas, tanto o do Coritiba, que já tem conseguido bons resultados, como o do Atlético, adormecido após fazer algum barulho até meados desta década. Afinal, ainda não há como os fundadores do C13 morderem o que seus associados menos queridos arrecadam por esforço próprio.

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