Opinião

Superliga da Europa: quando futebol é só sobre grana e os torcedores uns panacas

Por
André Pugliesi
19/04/2021 14:08 - Atualizado: 29/09/2023 19:55
Torcedores do United protestam.
Torcedores do United protestam. | Foto: AFP

Está aí, sem pudor algum, a Superliga da Europa. Consórcio dos considerados grandes clubes do continente, considerados grandes clubes do continente por eles mesmos. Vamos ver no que vai dar. Espero que dê em nada.

E antes que eu desenvolva a minha argumentação, com alguma frequência pedante e precipitada, é fundamental, como dizem, um disclaimer: é claro que futebol também é sobre dinheiro. Mas não é só, como forçam alguns, em tempos de soccer business.

Assim, o que Barcelona, Real Madrid e outros ameaçam é nada além de uma manobra egoísta, gananciosa e, ainda, mal-ajambrada. Sob o mesmo argumento de sempre: oportunidade de turbinar as finanças e, quem sabe, meter a mão na grana muito mais do que os concorrentes.

Exatamente a mesma conversa que os empurrou para a criação de "clubes empresa", para a abertura, arreganhada, ao capital estrangeiro, que é igualmente o papo que, daqui a quatro anos, os fará armar nova arapuca para ganhar mais, considerando que a tal superliga, evidente, ainda não será o suficiente.

São também as justificativas para esconder ciclos de péssimas gestões, avaliações precipitadas, salários astronômicos de jogadores e, importante, casos de corrupção, mumunhas e "levações" de dirigentes. Mesmo em condições bastante favoráveis na comparação com os rivais.

E aí, já aparecem os arautos do soccer business, amparados pelos últimos torcedores ingênuos sobre a Terra, os mesmos que acreditam em VAR, para festejar, hiperventilados, a subida das ações dos clubes da Superliga na bolsa e, veja só, o "capitalismo funcionando". É fascinante.

Estão preocupados com o futebol em Manchester. Especialmente, com as finanças dos bilionários Glazer, donos do United, odiados pelos torcedores do outrora temido Red Devil, e a saúde financeira do fundo árabe que comanda o City como eu esparramava meus times de futebol de botão na infância.

É claro que está em cena uma disputa de poder com a Fifa e a UEFA, duas entidades enxaguadas em corrupção que, concordo, se metem demais na vida dos clubes. Mas, não é sequestrando a bola ou, melhor ainda, os direitos de transmissão, que se encontra equilíbrio.

Felizmente, em sentido contrário e coordenado, já há quem critique a desavergonhada tentativa da Superliga da Europa, com destaque para Gary Neville. O ídolo do United e comentarista da TV inglesa resumiu com a violência sincera de uma voadora do Cantona: "Crime. Estou com nojo".

Como se vê, nem todos enxergam o futebol apenas como marionete do soccer business ou instrumento para se lambuzar em dinheiro e dar volta olímpica com balanços financeiros positivos erguidos aos céus. É também sobre esporte, competição, cultura e identidade. Até que não seja mais.

Veja também:
Embalado por SAF, clube paranaense contrata atacante japonês
Embalado por SAF, clube paranaense contrata atacante japonês
Conheça os brasileiros que vão lutar no UFC China
Conheça os brasileiros que vão lutar no UFC China
Paraná Clube apresenta pacotão de reforços para 2025
Paraná Clube apresenta pacotão de reforços para 2025
Ankalaev promete derrotar Poatan no UFC 313 e já pensa até em revanche
Ankalaev promete derrotar Poatan no UFC 313 e já pensa até em revanche

Trabalhou na Gazeta do Povo entre 2005 e 2023. Cobriu, in loco, o Pan-Americano do Rio de Janeiro, em 2007, a Copa América da Argentina, em 2010, a Olimpíada de Londres, em 2012, a Copa do Mundo do Brasil, em 2014, e a Copa do Mun...

twitter
Superliga da Europa: quando futebol é só sobre gr...