André Pugliesi

Previsões e palpites absolutamente infalíveis para o futebol em 2021

Por
André Pugliesi
30/12/2020 15:08 - Atualizado: 29/09/2023 21:12
Fernando Diniz e Rogério Ceni.
Fernando Diniz e Rogério Ceni. | Foto: Estadão Conteúdo

Virada de ano é tempo de consultar pitonisas, oráculos, tarólogos e, claro, forçar um pouco a imaginação. Mas não muito. Abaixo, as previsões infalíveis para a temporada que se inicia, mesmo que a anterior pareça ter alcançado a eternidade.

Futebol brasileiro

De acordo com as minhas previsões, o São Paulo será o campeão do Brasileirão. E o Dinizismo, enfim, consagrado. Ou será o Palmeiras e, então, o Dinizismo será aposentado. Ou mesmo o Flamengo, para o júbilo do Cenismo. Ou ainda o Grêmio, para a explosão do Renatismo. Vale também para a Copa do Brasil. Na Libertadores, os argentinos levam a melhor em nova edição da mais dramática final da história entre Boca e River. Os palpites servem tanto para as competições em andamento quanto para as que virão em 2021.

O VAR seguirá apavorando o futebol brasileiro. Com demora nas verificações, decisões absolutamente incompreensíveis e pouca transparência da Comissão de Arbitragem da CBF. Uma avacalhação.

Clubes vão passar o Brasileirão todo brigando contra o rebaixamento e, ao final, escapando, vão exaltar a conquista de uma vaga na Sul-Americana.

O Cruzeiro voltará, enfim, para a elite e torcedores, dirigentes e imprensa dirão: "volta para o lugar de onde jamais deveria ter saído". Embora tenha dado todos os motivos para sair, tanto que, veja só, saiu. O mesmo roteiro serve para os os demais rebaixados da Série A da disputa atual.

O Brasileirão seguirá como uma competição periférica em nível mundial e a ideia de um dia se tornar uma "NBA do futebol", somente um delírio.

Haverá intensa briga, e nenhum debate, sobre os direitos de televisão.

Seleção brasileira

O Brasil fará campanha tranquila nas Eliminatórias para a Copa de 2022, no Catar, afinal, não há nenhuma equipe europeia na competição.

O interesse pela camisa canarinho seguirá em baixa. E não fosse pelas datas Fifa, que brecam os campeonatos locais, e fazem do jogo da seleção chance exclusiva de ver um futebolzinho, todos estariam ainda mais preocupados com seus times do coração.

Segundo minhas previsões, Galvão Bueno tornará os jogos do Brasil muito mais interessantes e emocionantes do que, de fato, são.

Nos pequenos intervalos em que não estiver no Instagram, Neymar será o jogador mais importante do conjunto nacional. E seguirá achando que carrega o time nas costas tanto quanto Pelé. Não dirá que é melhor que o Rei, embora acredite e ouça isso dos Parças diariamente.

Ainda não conseguiremos entender muito bem o quê exatamente Tite está querendo dizer.

Imprensa esportiva

Haverá polêmica envolvendo técnicos brasileiros e estrangeiros.

Repórteres seguirão fazendo perguntas longuíssimas e, ao final, concederão ao entrevistado a chance de fazer um rápido comentário ou dar uma resposta que pode ser apenas "sim" ou "não".

A Nova Era dos Podcasts prossegue: com aberturas intermináveis, produção antiquada, papo soporífero e som ruim.

Os clubes seguirão divulgando os "bastidores", sempre das vitórias, sempre com o mesmo script: música de suspense, jogadores acenando para a câmera e vibrando após a reza no vestiário.

Dizem as minhas previsões que algum repórter vai esquecer que não está logado na conta fake das redes sociais e dirá exatamente tudo o que pensa em seu perfil próprio.

A programação ao vivo continuará dominando a grade com debates sobre absolutamente qualquer coisa e, especialmente, sobre coisa alguma.

Repórteres vão se vangloriar de notícias como se fossem os donos da informação e dirão que já informaram aquele assunto há meses e os clubes estão apenas confirmando.

Campeonato Paranaense

O Estadual será recheado de jogos tétricos, lúgubres em horários impróprios. Duelos fracos, público desinteressado. Não culpe os torcedores e, não culpe tanto, os clubes. É o cenário, que se descortina ano a ano, resultado de décadas de subdesenvolvimento provocado pelas federação local.

Caso a vacina chegue, haverá polêmica sobre a presença dos torcedores do Coritiba para um eventual clássico na Arena do Athletico, ou (menor chance) dos atleticanos para um duelo no Couto Pereira.

Mesmo a quilômetros das praças esportivas, torcedores vão se digladiar em dias (ou não) de clássicos nos terminais de ônibus de Curitiba. As forças de seguranças serão pegas de surpresa e alguém terá a brilhante ideia de implementar a "torcida única".

Teremos barbeiragens dos árbitros e auxiliares e o presidente do órgão local não estará disponível para responder sobre o assunto. Quem sabe, mais tarde.

Athletico ou Coritiba vão comemorar o título e, na semana seguinte, ninguém dará muita importância. O Paraná vai reclamar que foi prejudicado nos duelos contra Athletico e Coritiba.

Obs: o texto acima é uma versão, pouco modificada, do publicado no ano passado. Não é por acaso.

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Trabalhou na Gazeta do Povo entre 2005 e 2023. Cobriu, in loco, o Pan-Americano do Rio de Janeiro, em 2007, a Copa América da Argentina, em 2010, a Olimpíada de Londres, em 2012, a Copa do Mundo do Brasil, em 2014, e a Copa do Mun...

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