É aniversário do Jorge Ben Jor e eu te mostro como ele é o maioral de música com futebol
Sob o risco de micar diante de parte da audiência, que não tem interesse em nada que não diga respeito ao próprio time ou Cartola FC, encaro a missão de homenagear este que personifica poucas das "certezas frenéticas" relacionadas ao futebol: Jorge Ben Jor.
Nesta segunda-feira, 22 de março, é aniversário de Jorge Duílio Lima Meneses e, mesmo que a idade dele seja motivo de controvérsia (82? Menos?), é certo que o carioca é o the greatest of all time quando se conjuga música e bola.
Pois, sem maiores rodeios, quatro clássicos, para não dizer hinos, de Jorge Ben Jor sobre futebol:
Fio Maravilha, Ben, 1972
Primeira versão, sexta faixa do lado A, é a maior homenagem já feita em música a um jogador de futebol, a maior homenagem já feita em música a um jogador de futebol de recursos limitados e, ainda, a maior homenagem já feita em música a um jogador de futebol que não gostou da homenagem. Tudo bem, não foi exatamente assim, mas o fato é que Fio Maravilha, o dentuço avante do Flamengo, se deixou levar por péssima orientação advocatícia e tentou arrancar, com um processo, digamos, um "bicho extra" do autor. A causa não prosperou e o que acabou vingando foi uma tremenda vergonha por parte do homenageado, que posteriormente reconheceu a vacilação. São pouco mais de dois minutos, abertos com um violão em suspense, e marcados pelo mais retumbante surdo de arquibancada, que contam a história de apogeu e glória em gol daquele que "tinha humildade", mas nem tanto.
Zagueiro, Solta o Pavão, 1975
Música de abertura do subestimado disco que sucedeu o Tábua de Esmeraldas, também conhecido como melhor álbum da história da música brasileira, é uma homenagem, indireta, ao brioso Rondinelli, defensor que marcou época no Flamengo. Curiosamente, conhecido como Deus da Raça, Antônio José Rondinelli Tobias ganhou verdadeira ode que caberia, também, e perfeitamente, para béques de alta classe como Domingos da Guia ou daqueles que jogam tão limpo que mal são notados, como era o paraguaio Gamarra. Se você quer ser o "anjo da guarda da defesa", Jorge que, dizem, era meia-cancha liso, te ensina.
Ponta de Lança Africano (Umbabarauma), África Brasil, 1976
A levada tonitruante da guitarra Ibanez comprada do Dadi, instrumento que Jorge adotara para o disco, exprime o poder algo místico do tal homem gol, de nome Umbabaruma, que Jorge descobriu num jornal e nunca ninguém soube, afinal, quem era. Não importa. É um poderoso rock funk africano sobre o que eu, imagino, seria uma espécie de Oséas com a preparação do Drago da franquia Rocky, ou canção que é tudo aquilo que o futebol da África prometia ser e nunca foi.
Camisa 10 da Gávea, África Brasil, 1976
Não sei se vocês sabem, mas Jorge Ben era Flamengo. E numa conjunção de fatores absolutamente superlativa, quis o destino que um dos mais ilustres rubro-negros compusesse a mais perfeita homenagem em música ao maior de todos da Gávea: Zico. Elegante como o futebol do Galinho, são quatro minutos em que Jorge desfia os predicados do jogador como nenhum cronista esportivo jamais conseguiu. Até hoje não sei porque a torcida do Mengão não canta em todos os jogos essa canção.
Outras músicas sobre futebol:
Cadê o pênalty, A Banda do Zé Pretinho, 1978
Goleiro (Eu vou lhe avisar), 23, 1996
O nome do rei é Pelé, Reactivus Amor Est, 2004
Mete Goal, Single, 2018
Músicas de Jorge Ben Jor que fazem referência ao futebol:
País Tropical, Jorge Ben, 1969
("Sou Flamengo e tenho uma nega chamada Teresa")
Eu vou torcer, Tábua de Esmeraldas, 1974
("pelo Mengão)
Jesualda, Solta o Pavão, 1975
("Com bandeira e tudo ao Maracanã")
Cuidado com o Bulldog, Solta o Pavão, 1975
("Bem feito, não vai poder ir no Maracanã/Não vai poder sentar naquela arquibancada/Dura, áspera e quente/Só vai poder ficar de pé/Só se for na geral/Mas como você é orgulhoso vai pegar mal/E ainda mais se o seu time perder")
Meus filhos, meu tesouro, África Brasil, 1976
("Eu quero ser, jogador de futebol")
Roberto corta essa, Ben Brasil, 1986
(É uma sacanagem com Roberto Rivellino, que foi para o Fluminense, rival do Flamengo de Jorge)